terça-feira, 21 de setembro de 2010

Criminalização da homofobia enfrenta barreiras no Senado

Entenda o Projeto de Lei da Câmara Federal que encontra dificuldades para chegar à avaliação e sanção do presidente Lula

Alisson Reis e Marcos Paulo

Com o objetivo de criminalizar os preconceitos motivados por questões de orientação sexual e identidade de gênero, equiparando-os aos demais preconceitos, encontra-se em votação no Congresso Nacional o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, de autoria da deputada federal do Partido dos Trabalhadores de São Paulo, Iara Bernardi. Apesar dos intensos esforços e conquistas do Movimento LGBT Brasileiro em relação ao PLC 122, que já passou pela Câmara Federal, o projeto ainda precisa ser votado no Senado Federal.
            A proposta que também enfrenta resistência de segmentos religiosos, tem a senadora Fátima Cleide (PT-RO) como relatora, tanto na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) como na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).
A homofobia é um termo utilizado para identificar o ódio, a aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais e, consequentemente, contra a homossexualidade. O termo é um neologismo criado pelo psicólogo George Weinberg, em 1971, numa obra impressa, combinando a palavra grega phobos ("fobia"), com o prefixo homo-, como remissão à palavra "homossexual".
            Alguns estudiosos e militantes do movimento LGBT atribuem a origem da homofobia às mesmas motivações que fundamentam o racismo e qualquer outro preconceito. Para o coordenador do Movimento Gay Regional do Campo das Vertentes (MGRV), Carlos Bem, uma lei de abrangência federal que regulamente a proibição da discriminação do homossexual é o primeiro passo para que o Estado Brasileiro reconheça estes indivíduos como cidadãos de direito, para que, portanto, sejam merecedores de tal proteção governamental. “Este é o primeiro passo para se vencer a homofobia cultural”, afirma.
            A advogada Paula Terra, apesar de considerar que projetos de lei não são garantia de direitos porque podem ser facilmente arquivados, tem conhecimento sobre o teor do projeto que criminaliza a homofobia e afirma que a discriminação, por qualquer motivação, é considerada crime por lei. No Brasil, além da Constituição de 1988 proibir qualquer forma de discriminação de maneira genérica, ainda não há proteção específica na legislação federal contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
No entanto, por não haver proteção, esta parcela da população brasileira continua sofrendo discriminação (assassinatos, violência física, agressão verbal, discriminação na seleção para emprego e no próprio local de trabalho, escola, entre outras), e os agressores continuam impunes. É o caso do professor de latim Estevão Souza, de 32 anos, que já foi vítima de homofobia. “Já sofri preconceito sim. Foi em uma época que não era assumido, contudo já haviam desconfianças e fui apedrejado por uns caras que se diziam colegas,” relatou.

Apoio ao projeto
            Segundo pesquisa telefônica conduzida pelo DataSenado em 2008 com 1120 pessoas, em diversas capitais, 70% dos entrevistados são a favor da criminalização da homofobia no Brasil. A aprovação é ampla em quase todos os segmentos, seja no corte por região, sexo e idade. Mesmo no corte por religião, a pesquisa mostrou uma aprovação de 54% entre os evangélicos, 70% entre os católicos e adeptos de outras religiões e 79% dos ateus.
            No campo político, em 2008, o presidente Lula deu um passo importante nesta questão quando foi realizada a I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais.
            No contexto regional do Campo das Vertentes, o ativista do MGRV Carlos Bem destaca o desembargadora aposentada Maria Berenice Dias como uma das forças políticas que ajudam mais colaboram a favor dos GLBTs frente ao judiciário brasileiro. “Juridicamente tem-se um avanço junto ao Ministério da Justiça, que tem começado a desenvolver ações em prol dos direitos humanos LGBT”, reconhece.   

Falta de debate e oposição
Um dos entraves para a aprovação do projeto é a falta de discussão da homofobia na sociedade e, principalmente, nos meios de comunicação de massa. A grande mídia no Brasil, a despeito de alguns artigos em jornais impressos e em sites de notícias, não abre espaço para uma discussão sadia em torno da criminalização da homofobia e sobre os direitos dos gays.
            Apresentar personagens homossexuais em novelas e filmes pode parecer um avanço, na medida em que ajuda a dar mais visibilidade à comunidade homossexual, mas não tem sido o suficiente para que a sociedade se abra a discussão dos direitos universais dos GLBTs. O movimento LGBT critica a forma como os homossexuais são retratados, principalmente nos programas humorísticos em que são rotulados de forma pejorativa.
No campo religioso, há muitas resistências à homossexualidade e a qualquer tentativa de aprovação de leis favoráveis ao movimento LGBT. Existe uma expressiva bancada evangélica no Congresso Nacional que tem criado entraves às reivindicações deste público. Os religiosos, como os principais opositores aos homossexuais, consideram o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo como uma prática ‘pecaminosa” que não condiz com os princípios cristãos. Ainda há algumas igrejas alegam que a homossexualidade é uma doença ou um distúrbio passível de ‘tratamento’. Deve-se destacar que somente em 1973 o campo da medicina retirou o homossexualismo da lista de patologias. Por isso, o termo passou a ser denominado homossexualidade, compreendido como orientação sexual.
            Um manifesto publicado em 2007 pela Visão Nacional para a Consciência Cristã (Vinacc) defende que se deve proporcionar uma consciência baseada nos valores cristãos e que o projeto de lei, caso aprovado, pode instituir um atentado à família e às garantias constitucionais de liberdade de pensamento, expressão e de religião.  A Frente Nacional Evangélica considera que, a pretexto de combater a homofobia, o projeto fere o direito de expressar. A comunidade cristã alega que não é obrigada a aceitar padrões impostos por outrem, contrariando o próprio ordenamento jurídico e os princípios divinos.
O representante da Igreja Internacional da Graça de Deus em São João del Rei, pastor Daniel Augusto, acredita que, se sua igreja tivesse poder de voto, ela seria contra a aprovação do projeto que criminaliza a homofobia. De acordo com o pastor, tal atitude seria tomada por prevenção quanto ao risco de conseqüências futuras para os pregadores evangélicos, já que qualquer insinuação contra a prática homossexual poderá gerar processos judiciais contra os líderes religiosos. “Nós pastores que pregamos a palavra de Deus, que não aprova o ato sexual entre pessoas do mesmo sexo, mas que ensina a acolher e a amar todos nossos irmãos e irmãs, defendemos e praticamos o amor cristão ao próximo sem distinção. Um projeto como este que tramita no Senado implicará ações de censura nos cultos religiosos, já que passaremos a tomar muito cuidado com as pregações a respeito da sexualidade, a fim de evitar qualquer ambigüidade que possa dar margem para interpretações equivocadas por parte dos homossexuais” explica. 
            Para ilustrar uma possível situação e suas conseqüências após a aprovação do projeto, o pastor Daniel Augusto citou o seguinte exemplo que despertaria muita polêmica. “Suponhamos que um casal homossexual chegue na minha igreja e queira se casar. Eu recuso, porque a palavra de Deus diz que todo homem deve se unir a uma mulher. O casal se sente ofendido e resolve me processar como criminoso. Já imaginou? Acho que este projeto deve ser revisado, sobretudo as partes que tangem aos cultos e celebrações religiosas, já que não discriminamos ninguém, apenas pregamos a palavras e os ensinamentos de Deus” esclarece.
            O pastor fundador da Igreja Assembléia Sala do Trono da Glória de São João del Rei, Wecsley Sandim, também não aprovaria o projeto que criminaliza a homofobia, já que sua igreja também poderia ser afetada por pregar de forma incisiva contra a prática homossexual. Procurado para dar o parecer da Igreja Católica sobre o projeto, o vigário geral da Diocese de São João del-Rei, padre Dirceu de Oliveira Medeiros preferiu não comentar o assunto,  já que ainda não conhece o projeto de maneira consistente. 
Carlos Bem rebate as críticas e afirma que existe no Congresso uma frente parlamentar evangélica que derruba todo projeto que tenha o objetivo de avançar na garantia dos direitos humanos LGBT. “No caso do PLC 122, os fundamentalistas religiosos têm adotado um discurso deturpado em relação projeto”, criticou.

Cidades pioneiras no Brasil
  A primeira cidade a aprovar leis que criminalizam a homofobia foi Juiz de Fora. No ano 2000 foi aprovada, com a iniciativa do vereador Paulo Rogério dos Santos (PMDB), a Lei 9.791, mais conhecida como Lei Rosa. A partir desta, a legislação que pune qualquer discriminação por orientação sexual é a primeira no país a garantir o direito de casais do mesmo sexo de se trocar afeto em público. Essa lei tornou-se assunto na padaria, no ponto do ônibus, nas mesas de bar juiz-foranos. A decisão da câmara da cidade despertou muita polêmica, ganhando defensores e opositores na sociedade de Juiz de Fora.
            No estado de São Paulo, a lei estadual 10.948/2001 estabelece multas e outras penas para a discriminação contra homossexuais, bissexuais e transgêneros.
            em São João Del Rei/MG, o prefeito Sidney Antonio de Sousa (PSDB) sancionou, em 2007, a Lei Municipal que "dispõe sobre a ação do município contra as práticas discriminatórias por orientação sexual". O projeto prevê penalidades para pessoas físicas e jurídicas que tiverem qualquer ação discriminatória com gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais no município.

No cenário mundial
            A questão da homossexualidade é tratada de forma diferente nas legislações dos diversos países. Na Holanda, Bélgica, Espanha, Canadá e África do Sul é adotada uma postura liberal. Nestes países já existe o direito dos homossexuais de oficializarem as suas uniões, através do casamento. Inglaterra, Uruguai e Guiana Francesa admitem a formalização de um contrato semelhante ao de casamento, apesar de ainda não se poder utilizar esse termo.
            Na América do Sul, o Senado da Argentina aprovou no dia 15 de julho a Lei do Casamento Igualitário. O resultado positivo para os homossexuais de nosso país vizinho saiu após mais de 15 horas de acalorados debates. A lei desencadeou uma reforma no Código Civil.
            A Argentina tornou-se o primeiro país latino-americano a conceder esse direito aos gays e lésbicas. O público LGBT argentino, agora, também goza de todos os direitos legais, responsabilidades e proteções os quais já se competia aos casais heterossexuais. A possibilidade de herdar a herança dos bens de seu cônjuge e a chance de adoção conjunta de crianças são dois exemplos.

A União civil entre gays

            O Projeto de Lei (PL 4914/09), cujo tema trata dos direitos civis dos homossexuais, tem como autores a ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP) e o deputado José Genoíno (PT-SP).  A proposta é a de que os casais homoafetivos devem ter os mesmos direitos e responsabilidades daqueles formados por homens e mulheres. A medida não se relaciona a proposta de casamento nem a adoção. Trata-se apenas dos direitos civis - bens, herança, previdência, segurança após a morte, aquisição de bens. Portanto, não há vínculo religioso.
            “Na esfera cível, a pergunta sobre casamento entre pessoas de mesmo sexo merece atenção. É necessário destacar que o Código Civil atual, de 2002, apesar de alguns avanços, manteve o posicionamento tradicional e menos polêmico ao determinar que só é possível o casamento homem e mulher. Portanto, seguindo o texto legal, pessoas de mesmo sexo não podem casar”, informou a advogada Paula Terra.
            Nos últimos anos, porém, os poderes Executivo e Judiciário têm tomado decisões que reconhecem, na prática, a união estável entre homossexuais. Na Justiça, há dezenas de sentenças, inclusive em tribunais superiores, favoráveis a casais homoafetivos relacionados a assuntos como adoção, direitos previdenciários e herança.
            Com a demora do Congresso em se pronunciar, pode ser que, mais uma vez, seja o Judiciário quem decida algo sobre o assunto. Por iniciativa da Procuradoria Geral da República, está no Supremo Tribunal Federal (STF) a ação que obriga o Estado brasileiro a reconhecer a união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. A ação pede que o artigo 1.723 do Código Civil (Lei 10.406/02) seja considerado inconstitucional, uma vez que reconhece como família apenas a união estável entre homem e mulher.
            Ainda de acordo com a advogada Paula Terra, “a melhor sugestão, à luz da legislação atual, é que ao decidir pela união homoafetiva, o casal deva procurar um advogado para análise da situação patrimonial e direitos de sucessão. Apesar de não poder ser enquadrado em regimes de bens e sucessão, é possível alguma manobra para resguardar o patrimônio do companheiro ou companheira nos casos de falecimento”.


O turismo controverso de São João del-Rei

Mesmo com opiniões contrastantes, turismo na cidade histórica aponta crescimento. Mas é consenso que poderia ser feito mais com relação à infraestrutura e investimentos culturais.

Carolina Gouvêia, João Eurico Heyden Junior e Wanessa Fagundes

São João del-Rei é uma cidade com enorme potencial turístico. Além de possuir uma arquitetura centenária, é palco de inúmeros atrativos culturais, o que lhe rendeu o título de Capital Brasileira da Cultura em 2007. Entretanto, apresenta alguns empecilhos para a sua real consolidação do turismo e ainda está longe de atingir o nível esperado.
Em primeiro lugar, os dados sobre turistas na cidade são pouco precisos, já que a própria Secretaria de Cultura e Turismo não possui um número oficial de visitantes e baseia seus dados em métodos não científicos. Estima-se a vinda de 100 a 150 mil pessoas por ano na cidade, mas, segundo o assistente da Secretaria, Giovani Antônio de Souza Frigo, nenhuma empresa foi contratada para fazer o serviço de pesquisa completo sobre assunto e não existem fundos para tal.
A falta de verba para investimentos em turismo é um problema antigo na cidade. Segundo Lúcia Helena Bortolo de Rezende, ex-secretária da Cultura e do Turismo, até mesmo quando a cidade foi eleita Capital Brasileira da Cultura (CBC) os problemas financeiros existiam. “Esse negocio da verba é que foi um pouco decepcionante quando São João foi eleita a Capital. Primeiro achávamos que o comitê responsável pela realização da CBC ajudaria com os gastos financeiros. Mas, na verdade, só deu apoio moral. Nós tivemos que arrumar dinheiro, patrocínio, tudo. Até mesmo a divulgação prometida não foi suficiente”, conta Lúcia. O então governador Aécio Neves destinou uma verba de dois milhões de reais à cidade, que foi toda convertida a projetos de restaurações de museus e casas importantes do patrimônio, vários projetos culturais e a vinda de companhias artísticas, como o consagrado Grupo Corpo de Belo Horizonte.
De acordo com a ex-secretária de Turismo, apesar das dificuldades enfrentadas pelos organizadores da Capital Brasileira da Cultura em São João del-Rei, muitas modificações foram feitas na cidade em 2007. Entre os projetos realizados, Lúcia Rezende aponta a criação da Casa das Artes e Cultura, na residência colonial onde nasceu Otto Lara Rezende. Entretanto, com a mudança de administração da prefeitura, não só a casa das artes foi desativada (para abrigar o departamento de água e esgoto da cidade) como quase todos os projetos realizados foram interrompidos e esquecidos, de acordo com Lúcia Rezende.
Outro fator que impede a consolidação total do turismo na cidade são os problemas relacionados à infraestrutura. Segundo Giovani Frigo, a falta de banheiros públicos, área de estacionamento de ônibus e uma área de convenções são entraves para elevar o turismo na cidade ao nível máximo. Entretanto, segundo ele, isso “não impede a vinda do turista, apenas atrapalha um pouco na questão de receptividade”.
Para o auxiliar administrativo da Pousada Villa Magnólia, Leonardo Aparecido Ferreira, ainda há muito o que fazer. Ele afirma que “o turismo deixa muito a desejar. Falta infraestrutura. Igrejas e restaurantes não ficam abertos. E faltam principalmente eventos culturais”. Leonardo ainda aponta que o fato de São João del-Rei ter sido Capital da Cultura ajudou a divulgar o nome da cidade, mas que isso não é explorado da forma adequada. Em razão da falta de preocupação da prefeitura, ele afirma que a cidade está suja, e o turista reclama.
Mas, mesmo com tantos problemas enfrentados pela cidade, o turismo tem crescido ao longo dos anos. Para Joel Dornelas, gerente do Hotel Lenheiros, o turismo na cidade se encontra em expansão: “O hotel mantém uma média de 70% das vagas ocupadas. Mesmo não havendo grande divulgação de São João del-Rei, as agências de turismo das capitais estão realizando um ótimo trabalho”. Segundo o gerente, a secretaria de turismo da cidade está fazendo sua parte, ao criar, por exemplo, a “Sinfonia dos Sinos”, um evento que ocorre uma vez por mês desde junho e que lota os hotéis do centro da cidade, mesmo em baixa temporada de turismo.
Outro exemplo desta crescente movimentação turística é a Agência de Turismo Estrada Real, empresa que realiza passeios programados pelas cidades da região. O proprietário da empresa, Márcio Honorório, conta que em julho todos os seus serviços lotaram: “Em dia de semana, eram cerca de 30 pessoas por dia. Já nos finais de semana, esse número subia para 140”. Ele ainda explica que cerca de 60% de seus clientes já haviam passado por São João e região, enquanto que os outros 40% tomaram conhecimento da cidade através de conhecidos ou por agências de turismo.
Há 25 anos como recepcionista chefe da Pousada Casarão, Adalberto Lúcio, acredita que o aumento do turismo é um reflexo do crescimento do poder aquisitivo. Segundo ele, agora “as pessoas têm dinheiro pra viajar”. Ele diz que o turismo começou realmente a dar frutos só a partir de 2008 e afirma que hoje “o número de eventos aumentou consideravelmente”. Para ele, o que falta agora é organizar. “Você vai na secretaria de turismo, eles não têm um mapa turístico pra te dar”, reclama. Adalberto reforça a ideia de que falta estrutura, e a prefeitura precisa dar mais apoio.
Por fim, a expansão da UFSJ também tem colaborado com o turismo em São João de- Rei, mesmo que indiretamente. A Universidade, além de promover grandes eventos como o Inverno Cultural, traz personalidades importantes, contribuindo nacionalmente com a promoção da cidade. Segundo o Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UFSJ, professor Marcos Vieira, é fato que o turismo é maior nas cidades históricas que possuem universidades, como São João e Ouro Preto.  “O papel da UFSJ no turismo é indireto, mas nem por isso menos importante. As universidades proporcionam um maior acesso à produção cultural local, exemplo disso foi o Inverno Cultural deste ano, que atraiu cerca de 80.000 pessoas”, afirma.

O preço da adaptação ao turismo
Adaptar-se ao turismo pode ser muitas vezes algo negativo para a população local, quando se pensa na efervescência cultural original da cidade. É o que explica Lúcia Rezende, ao afirmar que Tiradentes “pagou um preço” pela escolha de tornar a cidade um verdadeiro pólo turístico. Segundo ela, a cidade ganhou muito em economia, mas os moradores perderam seu espaço para os novos comerciantes.
“São João del-Rei, ao contrário é uma cidade dinâmica o tempo todo,  com ou sem turista. Não precisa dos turistas para que as coisas aconteçam; ela é uma cidade independente. As igrejas e as procissões estão sempre lotadas, as orquestras funcionam, a cultura permanece. Isso  é que é muito importante. E por outro lado acho que tem uma resistência dos moradores com relação ao turista. É importante manter a identidade, a tradição cultural, mas também não impedir que o turismo avance. Encontrar o equilíbrio é que é difícil. Acho que você pode abrir para o turismo, mas tomando o cuidado para não perder a identidade”, afirma Lúcia.
Giovani Frigo também ressalta que a arquitetura de Tiradentes é predominantemente colonial, “parada no tempo”. Enquanto isso, São João del-Rei consegue um dinamismo maior ao possuir uma arquitetura variada, que vai do colonial ao pós-moderno. Marcos Vieira reforça a ideia: “São João del-Rei é um caso interessante, pois, diferentemente de outras cidades históricas, seu patrimônio é ‘vivo’, pois se movimenta de forma a não servir apenas a propósitos turísticos. Vários dos prédios tombados funcionam como sede de instituições ou lojas, sem perder seu caráter histórico”.
           

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Eleições 2010

Disputa acirrada e trocas de acusações marcam eleições no Campo das Vertentes

Carolina Slaibi, Eduardo Maia, Rômer Castanheira

As eleições de 2010 movimentam o cenário político das cidades do Campo das Vertentes, já que há vários candidatos na disputa. Os maiores destaques são o ex-governador Aécio Neves (PSDB), que concorre a uma vaga no Senado Federal, e o ex-ministro de Comunicações, Hélio Costa (PMDB), que é candidato ao governo estadual. Concorrem a uma vaga no Congresso Nacional outros representantes da região, como economista e atual deputado Reginaldo Lopes (PT) e o produtor cultural Adenor Simões (PSB). Na eleição passada, os dois obtiveram a maior votação em São João del-Rei para deputado federal: Adenor teve 12.851 votos e Reginaldo Lopes, 12.336.
A disputa para a Assembleia Legislativa é ainda mais acirrada. Disputam o cargo o professor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) Rômulo Viegas (PSDB), o advogado e radialista Valdir Gomes da Silva (PR), o ex-prefeito de Alfenas Pompílio Canavez (PT), o ex-deputado e ex-prefeito de São João Sidney Antônio de Souza – Sidinho do Ferrotaco (PHS) e o presidente do PSOL de São João del-Rei, João Bosco. Na eleição passada, apesar de não ser eleito, Rômulo Viegas foi o candidato a deputado estadual mais votado em São João del-Rei com 17.208 votos. Em entrevistas, alguns candidatos apresentam propostas para um futuro mandato e esclarecem suas participações em situações peculiares na vida pública.
            O candidato Reginaldo Lopes iniciou sua vida política por meio de movimentos estudantis e grupo de jovens. Participou da Pastoral da Juventude da Igreja Católica e do Movimento Estudantil na União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) e no Diretório Central dos Estudantes (DCE), onde ocupou o cargo de presidente. Antes de se eleger deputado federal, foi candidato a prefeito de Bom Sucesso (MG) em duas eleições, em 1996 e 2000, sem êxito. Em 1998, também concorreu a deputado estadual, obtendo uma vaga de suplente. Em 2002, elegeu-se deputado federal, tendo sido reeleito em 2006. Desde 2008, é o presidente estadual do PT.
            Em sua proposta de campanha para um novo mandato, Reginaldo Lopes destaca a área de educação como primordial para o desenvolvimento do país. “Para mim, o ensino médio faliu, porque não é capaz de formar trabalhadores preparados para dar à economia brasileira uma competitividade. Nós temos que acabar com esse ensino médio, pois ele está obcecado em levar o jovem para a universidade, sem ter despertado seu talento, a sua criatividade. Pelo contrário, o modelo pedagógico de hoje aborta a criatividade, o talento e os sonhos dos jovens”, desabafa o candidato, quando se refere ao sistema educacional do Brasil.
O candidato a deputado federal Adenor Simões (PSB) destaca, em sua trajetória política, o seu vínculo com ações culturais até em função de sua formação ligada ao universo artístico. Fez artes cênicas, trabalhou em espetáculos teatrais com diretores consagrados e atuou na equipe que consagrou São João del-Rei, em 2007, como a Capital Brasileira da Cultura. No âmbito da política, foi vereador em dois mandatos (2001-2004 e 2005-2008). Em 2006, foi candidato a deputado federal, obtendo 12.581 votos em São João del-Rei, ficando como suplente. Na disputa pela Prefeitura em 2008, novamente se lançou candidato, ficando em terceiro lugar com 11.211 votos.
Quanto as suas propostas para o cargo de deputado federal, principalmente para Minas Gerais e o Campo das Vertentes, Adenor Simões destaca o acesso à cultura, a educação integral com maior acesso às artes e ao esporte, o turismo com capitação e geração de renda, projetos de inclusão para terceira idade e desenvolvimento sustentável.

Legislativo Estadual
Pela segunda vez em disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa, Valdir Gomes (PR) atribui sua candidatura à falta da representatividade de São João del-Rei no legislativo estadual. O candidato destacou sua indignação quanto à postura de um ex-prefeito da cidade por ter abandonado o cargo para o qual foi eleito, numa referência indireta ao ex-prefeito e também candidato a deputado estadual Sidinho do Ferrotaco. “A cadeira não pertencia a ele, pertencia à região e ele não podia abandonar essa cadeira. Eu advogo que São João del-Rei não pode deixar de ter uma cadeira na Assembleia legislativa”, propõe. Procurado pela equipe de reportagem, Sidinho do Ferrotaco não foi encontrado para responder à crítica.
O candidato a deputado estadual Rômulo Viegas (PSDB) tem uma extensa carreira política – foi vereador (1982-1988) e prefeito (1989-1992) de São João del-Rei, subsecretário de Estado de Desenvolvimento Social e Trabalho e subsecretário de Estado Regional e de Política Urbana nas gestões do então governador Aécio Neves em Belo Horizonte. Agora, decidiu entrar na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, com o argumento de que, historicamente, os candidatos da região que assumem essa cadeira, normalmente, deixam-na para disputar a prefeitura de São João del-Rei. Por isso, ele reafirma que não tem pretensão de concorrer ao Executivo Municipal em 2012. “Eu já fui prefeito, não é ainda projeto meu retornar na prefeitura. O meu projeto pessoal é assumir o parlamento mineiro se a população assim entender que eu tenho condições para isso”, frisou.
Rômulo Viegas destaca a tradição de sua família na política são-joanense e região, lembrando que o seu tio-avô, Luiz Viegas, foi um grande amigo de Tancredo Neves. Professor dos cursos de Engenharia da UFSJ, o ex-prefeito afirma que fez muito pela universidade – que na época era ainda a Funrei. “Na Universidade, eu fiz política acadêmica, fui vice-diretor executivo, criei o primeiro Inverno Cultural, depois fui pró-reitor da administração na gestão do reitor Mário Neto”, frisou. A postura conservadora de Viegas fica explícita na sua defesa pela retomada da disciplina de “Educação Moral e Cívica”, inclusive nos cursos universitários. Deve-se ressaltar que a Lei 869 de 12 de setembro de 1969, na época da ditadura militar, estabeleceu esta matéria como disciplina e prática educativa, em caráter obrigatório em todos os sistemas de ensino no Brasil.  “Uma das minhas intenções é voltar a disciplina de Moral e Cívica para o ensino. Fazer com que os jovens passem a ter um comportamento diferenciado. Estou te falando como professor (...) dou aula de cálculo para as engenharias e os alunos pegam mais leve comigo talvez com receio da disciplina, mas hoje há um excesso da liberdade da dinâmica de sala de aula. A gente observa isso. É um entra e sai, e a gente observa que muitos alunos ainda não tem aquela característica de valorizar o curso que estão fazendo”, justificou.
            Ex-prefeito de Alfenas, Pompílio Canavez (PT) é um são-joanense que se declara engajado em lutas e movimentos sociais em benefícios do trabalhador. O candidato assume um compromisso de lutar pela região, ao analisar seus problemas atuais. “É com tristeza que vemos a cidade tão promissora nessa decadência, realmente temos problemas graves como problemas do saneamento, da saúde precária, da educação. Temos que melhorar em muitos aspectos”, afirma.

Polêmicas
Dentro de sua vida pública, o político está sujeito a situações de conflitos pessoais e partidários, que podem comprometê-lo. Questionado sobre os escândalos de corrupção da Operação Satiagraha da Polícia Federal, em 2008, quando Pompílio Canavez foi indiciado por fraude em licitação, o ex-prefeito se defende e esclarece que o seu envolvimento não passou de uma fiscalização corriqueira para um cargo público. “Isso faz parte. Considero como uma das dificuldades das condições da vida pública, mas não foi o meu caso”, afirma. O candidato também falou do resultado da sua aprovação depois do período de seu indiciamento. “Fui reeleito com uma votação mais expressiva, pois todos que me conhecem sabem de minha vida e história, sabem que isso nunca aconteceu. Existem armadilhas, mas graças a Deus tudo foi solucionado”, desabafa Canavez.
Reginaldo Lopes, por sua vez, foi criticado por ter sido um dos articuladores, junto com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), da polêmica aliança entre PT e PSDB na eleição da capital mineira em 2008. Questionado sobre o envolvimento no acordo entre petistas e tucanos em Minas, o deputado explicou que o fato não passou de uma situação específica para a cidade. “É evidente que, do aspecto político do Brasil, não se tem a mínima possibilidade, em curto prazo, de ter uma aliança projetada e programática com o PSDB. E o que houve ali foi uma aliança em que o PSDB apoiou o candidato do PSB. É onde duas lideranças estavam no mesmo palanque” esclarece. Isso ocorreu porque a Executiva Nacional do PT proibiu na época uma aliança formal entre PT e PSDB em Belo Horizonte, fazendo com que os tucanos dessem um apoio informal ao candidato Márcio Lacerda (PSB), que tinha como vice Roberto de Carvalho (PT).
Reginaldo também falou sobre a aliança “Dilmasia”, proposta por lideranças políticas externas ao partido. “O ‘Lulécio’ foi um fenômeno que ocorreu do povo para as urnas, agora o movimento das urnas para o povo, eu não sei se terá sucesso. Então, o Dilmasia, pra mim, é um movimento difícil de ocorrer”, comenta o candidato em relação à aliança proposta pela chapa concorrente.
Adenor Simões, ao ser questionado sobre os problemas de infraestrutura e abandono de São João del-Rei, levando em conta o fato de ser a terra da família Neves, o candidato a deputado respondeu com uma certa indignação. “(...) Se eu entendi bem, vocês estão dizendo que pelo fato de a família do Aécio Neves ser daqui, a cidade deveria estar em melhor situação. Bem, segundo a retórica da sua indagação, um governador deve favorecer a cidade de sua origem em detrimentos às outras. Eu discordo. Não acho que pelo fato da família do ex-governador ser daqui, a cidade tinha que estar em melhores condições em relação às outras. O governante (executivo) deve pensar com imparcialidade em todas as cidades do seu âmbito de governo. Penso que a cidade poderia estar em melhores condições da mesma maneira que, por exemplo, penso que Barbacena também poderia estar”, retrucou. Ainda sobre os problemas estruturais da cidade, Adenor pondera que se trata de juízos de valor sem bases em dados científicos. “Também me incomoda o fato de vocês usarem um juízo de valor em sua pergunta, tirando certas conclusões. Vocês decretam, sem apresentar dados, que a cidade está abandonada. (...) Acho a expressão abandono bastante pesada. A cidade carrega alguns sérios problemas, muito parecidos com problemas de cidades e regiões vizinhas”, concluiu.
Em relação à postura ambígua do PSB de apoiar o chamado voto “Dilmasia” – o voto no candidato Antonio Anastasia (PSDB) para governador e Dilma Rousseff (PT) para presidente, o candidato não vê incoerências. “Como a nomenclatura Dilmasia não existe oficialmente, prefiro não usá-la. Existem partidos que apóiam essa posição, inclusive o PSB é um deles. O meu partido apóia a Dilma para presidente, e em Minas o Anastasia. Foi uma decisão da executiva nacional. O que nós precisamos entender é que em Minas Gerais a disputa está polarizada entre o PSDB e o PMDB. Isso faz uma grande diferença. O Hélio Costa é um político do PMDB. É praticamente impossível para o PSB, hoje em dia, se aliar a um candidato que é oficialmente do PMDB por diferenças ideológicas muito graves”, explicou.

Mobilização jovem e combate à corrupção
            Ao falar de suas propostas, os candidatos utilizam um discurso padronizado e marcado por clichês, como o interesse na mobilização da juventude para solução dos problemas comuns no país, ressaltando a força e as visões promissoras que essa parcela da população possui. “Nos dois primeiros mandatos, tive a felicidade de pautar questões da juventude no Brasil, pois um país que trata a juventude como problema é um país condenado. Nós mudamos a Constituição Brasileira e conseguimos alterá-la para tratar o jovem como um sujeito de direito”, declara Reginaldo Lopes sobre seu trabalho em busca da valorização da juventude no país.
            O candidato Pompílio Canavez também deseja uma participação mais ativa do jovem na sociedade. “O que eu quero de cada jovem universitário é convocá-lo para uma luta, não só dos políticos, e sim da juventude. O Brasil precisa de uma juventude mais engajada e preparada na política”, analisa.
            Valdir Gomes cobra a representatividade jovem nos assuntos políticos e nos problemas sociais. “Vocês que são jovens, briguem pelo voto distrital. Isso é importantíssimo, porque o candidato defenderá a sua região. A representatividade é legítima. Não venda o seu poder, o voto é seu”, diz. O candidato é um crítico ferrenho dos políticos que não cumprem as suas promessas. Ao ser questionado sobre um possível mandato, o candidato admite não ter receio de que a sua atuação como deputado estadual seja corrompida pelo poder ou até mesmo denunciada, do modo em que sempre agiu. “Eu tenho amigos que falam no problema da mosca azul, que todo político é picado pela mosca azul. Eu não acredito que todas as pessoas possam ser corrompidas. Eu acredito muito em mim. Eu nunca vou ser corrompido, eu nunca mudei meu jeito de ser”, garante o radialista.
Rômulo Viegas também fez pesadas críticas à corrupção que está disseminada nos diversos partidos, mas reconhece que há bons políticos independente de sigla. O ex-prefeito discorda também da reeleição e sugere mandatos de cinco anos, para que a política não se torne uma profissão. Quanto a São João del-Rei,  ele afirma que é uma cidade que precisa ser mais valorizada. Ele cita os casos do distrito de Vitoriano Veloso (conhecido como Bichinho) e Resende Costa em que há exemplos bem sucedidos de artesanato. Para ele, “resgatar os trabalhos das mãos” é a alternativa para alavancar o desenvolvimento econômico de São João del-Rei e região. Ressaltando que dessa forma, irá ajudar a população. “Então eu acho que é mais fácil a gente trabalhar nesse contexto de desenvolvimento econômico, do que você me pedir um emprego e eu encaminhar o seu currículo para farmácia Americana, para Serraria Agostini, para A Colegial. Posso resolver o seu problema, mas e o dos outros?” conclui.

Persistir sempre
Exercer cargo político no Brasil pode ser visto como uma profissão vantajosa. Os dados comprovam que a maior parte dos políticos eleitos dificilmente abandona a vida pública. E, mesmo aqueles que perdem eleições, persistem. Dos atuais 513 deputados federais no Congresso Nacional, 420 estão tentando a reeleição. Em Minas Gerais, dos 53 deputados, somente nove não disputarão o pleito. Dos 77 deputados estaduais mineiros, 65 concorrem à reeleição, sete disputam uma vaga para deputado estadual, um a vice-governador e um a suplente de senador. Um dos candidatos foi impugnado e apenas dois não vão disputar a eleição novamente.
No caso de São João del-Rei, dos 15 candidatos a deputado estadual mais votados em 2006, oito disputam a eleição em 2010, como Rômulo Viegas e Valdir Gomes. Para a disputa ao cargo de deputado federal, dos 28 mais votados em 2006 na cidade, 16 concorrem novamente, como o deputado Reginaldo Lopes e o Adenor Simões.
Apesar de ter sido o segundo candidato a deputado estadual mais votado em São João del-Rei, com a preferência de 19,2% (8.784 votos) dos eleitores da cidade, Cristiano Tadeu da Silveira (PT) preferiu apostar na disputa pela Prefeitura municipal. Questionado sobre o porquê de não se candidatar novamente, o petista admitiu uma futura candidatura à prefeitura de São João del-Rei, em 2012. “Pelo resultado que eu tive para prefeito, em termos percentuais, nós sentimos que a população tem me visto mais como prefeito do que como deputado. Eu acho melhor focar e estabelecer um objetivo e cumprir este objetivo”, declarou. Em 2008, Cristiano foi candidato a prefeito pelo PT e teve 12.600 votos, perdendo para Nivaldo Andrade (PMDB), que se elegeu com 24.939 votos.

Resultado Eleições 2006 para Deputado Federal – São João del-Rei
Candidato
Partido
Votos válidos
Situação
Percentual
Adenor Simões
PSB
12.581
Suplente
27,84%
Reginaldo Lopes
PT
12.336
Eleito
26,72%
Carlos Alberto Pereira
DEM
2.309
Suplente
5,00%
Antônio M. do Nascimento
PSC
2.075
Suplente
4,49%
João Bittar Júnior
DEM
2.049
Eleito
4,44%
Luiz Fernando R. Faria
PP
1.106
Eleito
2,39%
                                                                                                   Fonte: TSE

Resultado Eleições 2006 para Deputado Estadual – São João del-Rei
Candidato
Partido
Votos válidos
Situação
Percentual
Rômulo Antônio Viegas
PSDB
17.208
Suplente
37,69%
Cristiano T. da Silveira
PT
8.784
Suplente
19,24%
Valdir Gomes da Silva
PL
3641
Suplente
7,91%
Domingos Sávio Resende
PSDB
1713
Eleito
3,75%
Juarez Távora
PV
1487
Suplente
3,26%
Luiz Antônio Fachini
PDT
1267
Suplente
2,87%
                                                                                                Fonte:TSE