segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Helvécio filia-se ao PT e pode ser o candidato do partido à Prefeitura de São João del-Rei

Bruno Laviola, Pamella Chicarino e Vinícius Borges Gomes



A recente filiação de Helvécio Luiz Reis, reitor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), em setembro, ao Partido dos Trabalhadores (PT) abre especulações sobre a sua possível candidatura à Prefeitura de São João del-Rei.  Helvécio, no entanto, ainda está reticente e afirmou que a sua prioridade é a gestão à frente da UFSJ.  “Filiei-me, sim, ao PT. Esta filiação não tem absolutamente nada com a gestão da UFSJ. É o cidadão Helvécio Reis quem filiou”, frisou.
Helvécio junto com lideranças de seu partido, o PT. (Fonte: ASCOM)
Apesar das escassas declarações do motivo de sua filiação ao PT, a sua entrada no partido e a sua liderança à frente da UFSJ durante oito anos o credenciam como um dos nomes mais fortes da oposição para disputar a sucessão municipal contra o atual prefeito Nivaldo de Andrade (PMDB), que já anunciou que é candidato à reeleição com apoio do PSDB e de Aécio Neves. Em entrevista concedida pouco antes de sua filiação, Helvécio preferiu não fazer críticas diretas à atual administração de São João del-Rei, destacou sua gestão à frente da universidade e falou das especulações eleitorais envolvendo seu nome.
Um dos pontos comentados por Helvécio foi a possibilidade de gestores educacionais entrarem na política. Com base no ministro da educação Fernando Haddad, que disputa no PT a indicação para ser candidato à Prefeitura de São Paulo, Helvécio foi claro em manifestar sua opinião sobre o tema. “As pessoas têm que desmistificar isso. A gente fica expurgando essas pessoas, fica com pudor de quem é gestor público não pode ser candidato, porque fica parecendo que está usando um cargo para a promoção pessoal. Diferente do perfil que a gente vê por aí, eu não vejo isso como um problema”, afirmou. O reitor disse ainda que tem uma excelente relação com o Ministro da Educação e destacou o potencial de Haddad para pleitear a candidatura a prefeito.  “Mas se ele se mostrou bom como gestor público, a gente tem que investir nisso”, ressaltou.
O ingresso do reitor na política partidária em São João del-Rei aponta para novos embates, já que a universidade passa a participar mais ativamente dos rumos da cidade. Helvécio mostra-se atento aos problemas da cidade e de sua relação com a UFSJ. “A cidade enfrenta os mesmos problemas de qualquer cidade: moradia, saneamento e transporte. São problemas que afligem de um modo geral todos os municípios. E cidade que tem universidade acaba por se confundir com a própria universidade e fica mais complicado ainda”, declarou Helvécio diante dos impasses existentes, provocados especialmente pelo aumento populacional da cidade histórica.
            Na avaliação do reitor, o crescimento da UFSJ implica em mudanças na gestão da própria cidade. “Como a cidade está crescendo muito, passando por um processo de aquecimento forte, isso vai exigir dela um processo de adequação”, salientou o reitor. Helvécio destacou os novos desafios decorrentes da expansão da universidade, mas afirmou que não cabe a UFSJ apontar que prioridades o município deve assumir. “Você não tem como chegar numa cidade e dizer: nós vamos criar dez cursos novos, teremos mais dois mil alunos em São João del-Rei nos próximos anos e vocês devem investir em moradia e em saneamento básico”, afirmou.
Ao tratar mais diretamente da gestão da prefeitura de São João del-Rei, Helvécio mostrou cautela ao falar da relação da UFSJ com o órgão: “Em alguns momentos, tanto na prefeitura atual, e ainda mais na anterior, houve alguns encontros em que nós colocamos a prefeitura ciente de que a universidade estava crescendo”, garantiu.
No entanto, o atual gestor da UFSJ não deixou de ressaltar as disparidades entre a universidade e os demais órgãos da administração pública. “Há sempre uma demanda daqui pra lá e de lá pra cá, mas como as coisas são viabilizadas aí é que está a questão. Cada uma estabelece suas próprias prioridades e pode ser que essas prioridades não casem”, pontuou. No entanto, apesar das divergências, destacou que a parceria foi o pressuposto para os progressos do município. “A prefeitura é uma parceira também. A ciclovia foi construída com participação dela”, explicou.
Ao citar a atual gestão, Helvécio adotou cautela e preferiu apontar os respaldos da própria comunidade com relação à universidade: “No nosso caso, o da universidade, eu acredito que a própria população tem reagido, vendo que universidade está crescendo muito e tem investido no setor imobiliário.” Ao ser novamente questionado sobre a sua visão acerca da administração do atual prefeito Nivaldo de Andrade (PMDB), Helvécio foi reticente sobre a sua possível candidatura. “Posso ser mal interpretado. O que eu falar sobre essa relação pode ser um problema, pois meu nome está surgindo como um nome possível à concorrência da prefeitura. Então eu prefiro não falar para não dizerem que eu já estava falando mal da prefeitura”, comentou.
Sabendo de sua capacidade de liderança, legitimada pela sua reeleição ao cargo de reitor com 78% dos votos dos três segmentos da universidade em 2008, o gestor reconheceu sua popularidade. “Sinto-me bastante envaidecido, sair na rua e ouvir: Oh prefeito! Acho que é um reconhecimento incalculável, uma honra enorme, dá um ânimo especial”. Estratégico, o reitor ponderou que o reconhecimento passa por um trabalho coletivo. “Eu não devo isso só ao meu trabalho. Eu devo também a minha comunidade universitária, pois ela trabalhou muito para ajudar a reitoria nessas conquistas de oito anos”, frisou.

Gestão na UFSJ é marcada por constante presença de petistas
Desde 2004 à frente da UFSJ, Helvécio destacou o que ele chama de patrimônio do diálogo estabelecido em sua gestão. “Eu procurei conversar com todos os grupos da universidade para que eles pudessem restabelecer o diálogo e que as mágoas que pudessem ter surgido no processo eleitoral ficassem no processo eleitoral”, afirmou. Helvécio considera tal feito como fator primordial para a realização de seu mandato marcado por presenças constantes de petistas, principalmente pelo fato de o governo federal estar sob o comando do PT desde 2002.
Em Divinópolis, Helvécio se encontra com Lula em 2010
Em sua gestão, destacam-se a criação de três novos campi fora da cidade-sede. São eles: o Campus Alto Paraopeba,  em Congonhas e Ouro Branco, o Campus Centro-Oeste “Dona Lindu”, em Divinópolis, e o Campus Sete Lagoas. Foram criados ainda dez novos cursos em São João del-Rei através do REUNI, programa do Governo Federal para expansão das universidades públicas. Além disso, foram implantados mestrados em diferentes cursos da UFSJ.
As inaugurações e eventos da universidade sempre tiveram a presença de muitas lideranças políticas, o que já sinalizava para a possibilidade de Helvécio ingressar num projeto político-partidário. Nomes petistas de peso não faltaram nesses últimos anos. O deputado federal Reginaldo Lopes, ex-aluno da UFSJ, sempre esteve presente em diversos momentos ao lado do reitor mostrando apoio e a aliança de ambos. A aliança com Reginaldo Lopes foi constante, inclusive, em audiências públicas no Ministério da Educação.
Em 2010, Helvécio recebeu, entre outras lideranças, o ex-presidente Lula no Campus “Dona Lindu” em Divinópolis, a presidenta Dilma Rousseff, que na época ainda era pré-candidata do PT e líderes petistas em Minas como Fernando Pimentel e Patrus Ananias. Apesar de só ter se filiado recentemente ao PT, os rumos políticos do reitor já se desenhavam no último ano diante de suas aproximações políticas.
“Se eu tiver que pleitear, se eu tiver que continuar uma carreira política, porque reitoria também é uma carreira política, não é só ser gestor, eu teria que estar ligado a algum partido. Neste momento, eu não estou filiado a nenhum partido político. Meu partido agora é UFSJ”, declarou Helvécio Luiz Reis poucos dias antes de sua filiação ao PT. O reitor frisou, porém, que a decisão é, por enquanto, uma decisão pessoal.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Aliança com o PSDB fortalece reeleição de Nivaldo

 Mariana Fernandes e Thamiris Franco

O prefeito Nivaldo José de Andrade (PMDB), que exerce o seu terceiro mandato na cidade, afirma que hoje conta com o apoio do PSDB e tem uma relação próxima com o senador Aécio Neves e o governador Antônio Anastasia. Na eleição de 2010, ele, mesmo sendo do mesmo partido do candidato Hélio Costa, decidiu apoiar os tucanos. Esta aliança, segundo Nivaldo, torna muito mais fácil a sua reeleição em 2012, já que ele garante ter grande aprovação junto ao eleitorado são-joanense.
Nas eleições anteriores, o PSDB e o PT eram os principais oposicionistas de Nivaldo. No entanto, o cenário atual é bem diferente. “Em todos os meus outros mandatos não tive o apoio do ex-governador Aécio Neves, mas sempre ganhei. Agora, minha relação com Aécio e Anastasia é boa, é de parceiro. Tenho chance real de ganhar novamente com 70% de aprovação, porque somos as duas forças maiores aqui”, afirma Nivaldo.
Outro ponto favorável ao peemedebista, segundo Magui Fátima Silva Nascimento, presidenta do PMDB de São João del-Rei, é a base de apoio majoritária na Câmara. “Atualmente Nivaldo tem o apoio de oito vereadores entre os dez eleitos. Vera do Polivalente (PT) e Jânia Costa (PTB) fazem oposição e, o Gilberto Lixeiro (ex-PT) hoje é aliado ao partido do prefeito (PMDB)”, diz Magui.
Gillberto Lixeiro foi procurado para esclarecer a sua mudança de partido. O vereador justificou sua atual posição. “Quando assumiu a administração PT e PSDB só tinha roubalheira na prefeitura. Com o Nivaldo é diferente, ele dá estrutura para os vereadores trabalharem e olha para os pobres. Hoje Nivaldo é imbatível, ninguém ganha dele. O PT queria que eu fosse oposição ao Nivaldo, mas o prefeito tem a caneta na mão e ele não faria nada na minha comunidade. Se ele não fizer nada na minha comunidade (Tejuco), como ficam as pessoas que votaram em mim?!”, afirma.
O ex-vereador do PT José Luiz de Oliveira, que é coordenador do curso de Filosofia da UFSJ, criticou a política assistencialista do atual prefeito e a adesão de Gilberto Lixeiro ao partido do Nivaldo. “Ele é um populista a nível municipal, populista que se utiliza de meios para se manter no poder, um deles é o de garantir um atendimento assistencialista para as pessoas. Outro ponto que critico é o fato de se passar para o povo a ideia de que nem é preciso ir à prefeitura, porque o povo gosta é disso, uma vez que a massa não tem ligação com as instituições, portanto isso não teria valor”, comenta o professor.
Ao contrário do Gilberto Lixeiro, José Luiz afirma que o populismo é algo negativo para a comunidade. “O populismo não leva em conta a necessidade de ter uma administração transparente, organizada e de valores éticos. A prefeitura não apresenta um plano diretor. Quanto ao Gilberto Lixeiro, eu avalio que ele nunca encarnou o espírito do PT, ele teria que ter uma postura não fisiológica, mas antes de tudo exercer seu papel que é legislar. E o que o PT propõe a nível municipal, estadual e federal não condiz com as atitudes do Nivaldo. O Gilberto é um vereador que acredita que o seu papel é fazer obras e não é isso, mas sim fiscalizar e legislar”, explica José Luiz.

Reitor da UFSJ pode ser o adversário de Nivaldo
A filiação de Helvécio Luís Reis, reitor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), ao PT, ocorrida no mês de setembro deste ano, gerou a especulação de que ele poderá fazer frente à aliança de Nivaldo e PSDB. José Luiz de Oliveira comentou esta possível candidatura do reitor para a próxima eleição municipal em São João del-Rei. Ao apontar as falhas da gestão do Nivaldo nos setores educacional, ambiental e social, além das questões caóticas do trânsito, para o professor, Helvécio é um símbolo de organização. “Helvécio é um homem que vive a administração e é extremamente dinâmico. Ao mesmo tempo em que constrói obras, ele é um homem de diálogo: conversa com todas as camadas da população. Ele é capaz de se candidatar por um partido de esquerda (PT) e trazer os outros para conversar, desde que eles contribuam”.
Já Gilberto Lixeiro não acredita em uma possível derrota de Nivaldo. “Quem conhece o Helvécio são os estudantes. Se ele for ao bairro do Tejuco, no Alto das Mercês, nos bairros mais carentes, onde o prefeito é mais popular e é mais bem votado, percebe-se que ninguém derrota a popularidade do Nivaldo. O único para enfrentá-lo dentro de São João del –Rei é o Cristiano (PT)”, diz Gilberto.
Para Alex Lombello, se acontecer à candidatura de Helvécio pelo PT, existe rumores que Nivaldo sairá candidato pelo PSDB. “Existe um boato que o atual vice de Nivaldo, Jorge Hannans Salim poderá se candidatar pelo PMDB e neste caso, o meu partido (PCB) junto ao PSOL e PSTU montarão uma chapa própria ou abrirão diálogo com os outros candidatos”, diz Alex.

Trajetória política de Nivaldo
Nascido no menor município do Brasil, Santa Cruz de Minas, o menino que vendia picolés e bilhetes de loterias, hoje aos 54 anos é o prefeito mais popular de São João del-Rei. Filho de lavadeira e com o terceiro ano primário de estudo, Nivaldo José de Andrade exerce seu terceiro mandato na cidade pelo PMDB e prepara-se para o quarto, nas eleições municipais de 2012. O prefeito contará com o apoio da sua antiga oposição, o senador Aécio Neves e o governador Antônio Anastasia, ambos do PSDB mineiro.
Prefeito Nivaldo de Andrade
Sem tradição política na família, Nivaldo iniciou sua carreira nas eleições municipais de 1985 em Tiradentes, Minas Gerais, vencendo somente em 1988, cujo mandato exerceu até 1991, quando renunciou para ser candidato na cidade vizinha, São João del-Rei. Eleito prefeito com o jargão “contra a tradição”, Nivaldo trouxe para São João del-Rei a ideia do progresso.
Neste primeiro mandato de 1993 a 1996, segundo Alex Lombello, mestre em História e filiado ao PCB, o prefeito agradou a população asfaltando ruas. “A vitória dele em São João esteve muito ligada a sua propaganda em Tiradentes, já que teria sido uma boa administração. Vinham caminhões de cabo eleitoral balançando bandeirinhas para um público mais pobre e menos instruído. Segundo pesquisas, o público instruído que correspondia a 5% tinha horror ao Nivaldo, já o eleitorado menos instruído o adorava. A meu ver foi o pior mandato dele, porque ele saiu asfaltando a cidade e colocando semáforos, era a idéia de progresso que ganhou muita popularidade”, afirma Alex Lombello.
Em entrevista, o prefeito Nivaldo justificou a sua popularidade no primeiro mandato, em decorrência não só do asfalto: “simplicidade, honestidade, trabalho e coração, tudo junto. Os altos dos morros estão todos asfaltados, tem esgoto e a merenda escolar é a melhor. Tudo que eu não tive na minha infância coloquei em prática na minha administração”, diz o prefeito.
O segundo mandato de Nivaldo Andrade, entre 2001 e 2004 sucedeu Carlos Alberto Braga, que havia sido seu vice nas eleições de 1992 e, portanto, deu continuidade a sua política. Para Alex Lombello foi fácil Nivaldo se eleger novamente, já que o governo anterior foi polêmico e o seu eleitorado não vota por idéias, mas sim no seu personalismo. “Em alguns momentos Nivaldo fala errado de propósito, para conquistar a simpatia dos eleitores”, diz Alex. Na eleição municipal de 2004 a esquerda são-joanense apoiou o PSDB em uma lógica anti-nivaldismo. Assumiu a administração Sidney Antônio de Souza (PSDB) e o vice Cristiano Silveira (PT).
Em 2008, Nivaldo consagrou-se prefeito pela terceira vez, com mais de 50% dos votos. Em meio a denúncias de corrupção e a polêmicas, ele consegue manter-se como uma das maiores lideranças da cidade e região. Por isso, na visão de Alex Lombello, apesar da atual administração de Nivaldo não ter a força dos seus outros mandatos, o prefeito é um grande populista, merecedor de um livro biográfico, em decorrência de inusitas histórias no mundo da política. “A biografia de Nivaldo daria um livro de comédia. Uma de suas historias aconteceu em seu primeiro mandato. O prefeito asfaltou um trecho da histórica Rua Santo Antônio e um promotor acionou a Polícia Federal que foi prendê-lo. Nivaldo apareceu na sacada da prefeitura apelando para o povo: - ‘querem me prender’. A massa nivaldista pró-asfaltamento imediatamente se voltou contra a polícia e um carro da Rede Globo foi atacado em defesa de Nivaldo e impediu a sua prisão. Eu considero Nivaldo um líder personalista capaz de uma comoção social a ponto de já ter uma Era Nivaldista”, conclui Alex Lombello.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Helvécio ou Cristiano estão cogitados para disputar a Prefeitura pelo PT

Antônio Ferreira, Fernando Chaves e Thiago Longatti

A filiação recente do reitor da UFSJ, Helvécio Luiz Reis, ao PT de São João del-Rei gerou especulações sobre a participação do partido na disputa eleitoral de 2012. Helvécio passa a ser cogitado como possível candidato petista ao cargo de prefeito, disputando espaço com Cristiano Silveira, último candidato petista à prefeitura e detentor de longa trajetória partidária.
A pouco mais de um ano das eleições municipais, a legenda começa a preparar-se para a disputa de 2012 e já surgem especulações acerca dos possíveis candidatos petistas à prefeitura de São João del Rei. Cristiano, que é bastante conhecido pelo eleitorado de São João de Rei, foi candidato pelo partido a deputado estadual, exerceu um mandato como vereador e já ocupou a vaga de vice-prefeito pelo PT. Já o professor Helvécio, que se filiou ao partido no último mês de setembro, fez seu nome durante seus dois mandatos como reitor da UFSJ, umas das universidades federais brasileiras que mais cresceu em proporção nos últimos anos.
A vereadora Vera Lúcia Alfredo – Vera do Polivalente, a única representante do partido na Câmara Municipal, pretende recandidatar-se a uma vaga no Legislativo Municipal em 2012 e defende que o partido lance candidatura própria para a prefeitura da cidade. “São João Del- Rei precisa de um novo projeto político. Precisa de uma alternativa. É necessário um novo tipo de administração, comprometida com o coletivo, com a população. Faz-se necessário planejamento e uma melhor elaboração de políticas publicas na nossa cidade. Acho que o PT possui condições para promover algo nesse sentido”, afirmou Vera. Entretanto, conforme assegura a vereadora, ainda não há consenso acerca de um nome, nem pré-candidaturas lançadas dentro do partido.
Em relação ao reitor da UFSJ, Vera afirma que “é um bom nome, tem experiência como administrador e poderia desempenhar bem a função de prefeito na administração municipal”. Mas reforça, mais uma vez, que “não há nada definido em relação ao nome do partido para concorrer ao Executivo municipal no ano que vem”.
 O presidente do PT de São João del Rei, Leonardo Silveira, destaca a presença de Cristiano na memória dos são-joanenses, por ter sido vice-prefeito, candidato a deputado estadual e o último candidato à prefeitura são-joanense pelo PT. No entanto, Leonardo reafirmou, também, os critérios democráticos do partido na escolha dos seus candidatos e disse que todo filiado tem o direito de pleitear candidaturas. “Naturalmente, o nome do Cristiano tem um forte recall, mas tanto o reitor como qualquer outro filiado têm o direito de pleitear candidaturas, de acordo com as regras estatutárias. Porém, a viabilidade depende de uma construção política e todas estas hipóteses são perfeitamente possíveis”, argumenta.
            Questionado sobre os problemas da atual administração pública de São João del Rei e sobre o diferencial das ideias propostas a São João del Rei pelo PT, Leonardo afirma que o atual governo é “desorganizado, sem projeto e de pouquíssima transparência”. Quanto ao PT, ele diz que o partido propõe “uma inversão nas prioridades, onde as pessoas sejam o centro da política. Além disso, propomos um governo participativo e inclusivo”, acrescenta.
            Quanto às dificuldades de se enfrentar em São João del-Rei o próprio Nivaldo, que já declarou que deve disputar a reeleição, e afirma contar com o apoio do senador Aécio Neves (PSDB) e dos tucanos, Leonardo acredita que podem ser superadas por uma campanha bem estruturada. Ele crê, também, que haja um demanda por mudança na cidade, que nunca foi governada pelo PT. Perguntado sobre a aproximação entre Nivaldo e Aécio, Leonardo aproveitou para alfinetar os adversários: “Tanto Nivaldo como Aécio já demonstraram  que não transferem votos, e ambos já tiveram a oportunidade de administrar e não foram capazes de fazer as mudanças que a sociedade deseja. Neste sentido, o PT é o único que ainda não esteve de fato à frente do governo. Este sentimento pode definir uma eleição, aliado a outras estratégias”, concluiu.  

            Pouca representatividade do PT é um dos desafios
      
Apesar de ter sido fundado há mais de 20 anos em São João del-Rei, o PT tem como um dos desafios conseguir mais representatividade e buscar aliados na cidade. Hoje, o PT são-joanense tem cerca de 800 filiados, número pouco expressivo, e ocupa apenas uma das 10 cadeiras do legislativo municipal, sendo incumbência da vereadora Vera do Polivalente representar o partido na câmara e cumprir o papel de oposição ao governo do prefeito Nivaldo de Andrade (PMDB).
Na eleição de 2008, o PT lançou Cristiano Silveira como candidato e ficou em terceiro lugar, atrás de Nivaldo e de Adenor Simões (PSB). Na época, Simões foi apoiado pelo PSDB. Os petistas chegaram a eleger dois vereadores – a Vera do Polivalente e o Gilberto Lixeiro, que acabou se desentendendo e se filiando ao PMDB.
Mesmo com pouca representatividade, o Partido dos Trabalhadores tem participado diretamente da política são-joanense há pelo menos vinte anos. O diretório do PT foi fundado na cidade no início da década 1980 e o partido tem lançado candidatos nas eleições majoritárias do município desde o início da década de 1990. 
Em 2004, no entanto, por meio de uma coligação polêmica com o PSDB, o PT elegeu Cristiano Silveira como vice-prefeito na chapa encabeçada por Sidney Antônio de Souza (PSDB). Mas esta passagem pelo Executivo municipal foi marcada por escândalos de corrupção envolvendo a administração de Sidney Antônio (Sidinho do Ferrotaco), o que levou o partido a romper precocemente com aquela administração.
Para a eleição de 2012, o desafio do PT é buscar novos aliados, já que Nivaldo pretende disputar a reeleição com o apoio do PSDB. Por isso, o peemedebista decidiu apoiar, no ano passado, o tucano Antônio Anastasia, contrariando o seu partido que lançou Hélio Costa como candidato ao governo de Minas Gerais. Adenor Simões declarou que pretende disputar a Prefeitura pelo PSB. A novidade para os petistas é a recente filiação do reitor da UFSJ, Helvécio Luiz Reis, que pode garantir o apoio dos segmentos mais intelectualizados da cidade e fazer frente à política populista de Nivaldo. 

Nivaldo garante ter apoio do PSDB para a sua reeleição

André N. P. Azevedo e Walquíria Domingues

“O PSDB vai me apoiar na próxima eleição”, declarou o atual prefeito de São João del-Rei, Nivaldo de Andrade (PMDB). A afirmação do prefeito, além de confirmar a especulação sobre uma possível reeleição, revela as negociações para uma aliança entre PMDB e PSDB. Desde a última eleição para governador, em que Nivaldo apoiou a candidatura de Antônio Anastasia (PSDB), o prefeito passou a receber apoio dos tucanos na Câmara de Vereadores.
A possibilidade de acontecer tal aliança é reforçada pelo deputado estadual Rômulo Viegas, uma das principais lideranças tucanas na cidade. “Em São João del-Rei, o PMDB  é um partido de expressão e potencial político. Soma-se a isto o fato de que a maioria expressiva do PMDB são-joanense, liderada pelo atual prefeito, apoiou  a candidatura do PSDB a deputado estadual, ao senado e ao governo de Minas e, portanto, temos que demonstrar também uma sincronia e harmonia no próximo cenário de disputa eleitoral”, diz.
Apesar de apontar a proximidade entre PSDB e PMDB, Rômulo Viegas afirma que os partidos terão tempo para se organizarem para a eleição municipal. “Ainda é cedo para que os respectivos diretórios municipais já tenham uma decisão fechada, pois isto afasta a possibilidade até mesmo do surgimento de um nome que muitas vezes ainda nem foi cogitado”, avalia.
O vereador Mauro Alexandre Carvalho Duarte – Mauro da Presidente, presidente da Câmara dos Vereadores e presidente do PSDB em São João del-Rei, afirma também que é cedo para falar em alianças. Ele informa que o seu partido ainda não definiu se irá lançar algum candidato próprio ou se irá apoiar algum nome para as próximas eleições na cidade. “Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa. O partido ainda não se reuniu para discutir tais questões”, diz. No entanto, o tucano elogiou o trabalho que Nivaldo vem fazendo à frente da prefeitura, ressaltando o apoio do atual prefeito à campanha para governador em 2011.

Administração sem oposição
O cenário atual preocupa Adenor Simões, presidente do PSB de São João del-Rei. “Estamos passando por um momento político em São João del-Rei de total omissão da Câmara dos vereadores e dos partidos opositores. Você não vê uma manifestação dos outros partidos que concorreram. Nem o PT que é um partido tradicionalmente de oposição, não está preocupado com esta postura.”, conta Adenor, que teve apoio justamente do PSDB nas últimas eleições para prefeito, na qual Nivaldo acabou eleito.
De acordo com Adenor Simões, a relação entre PSDB e PMDB é pura conveniência. “É um toma lá da cá, pura troca de favores. As alianças são feitas conforme o momento político que a cidade e os partidos passam. É puro interesse político. O PSDB hoje agradece o Nivaldo por ter apoiado o Anastásia”, afirma. O presidente do PSB também acredita que essa é uma situação desconfortável para o PSDB. “As ideologias dos dois partidos não batem. Acho que o PSBD local está insatisfeito com o apoio ao Nivaldo e pensa em lançar seu próprio candidato. O problema é que não há nomes fortes para enfrentar o Nivaldo”, explica.
Quanto ao futuro político do PSB, Adenor Simões conta que o partido está passando por uma reestruturação no estado, uma vez que elegeram apenas um deputado estadual nas últimas eleições. Por isso eles pretendem eleger um representante local. “Para fazer alguma coisa de concreto, é necessário estar no poder para que, a partir daí, possamos aplicar as ideias para educação, cultura, urbanismo.”, diz Adenor, que possivelmente será, novamente, o candidato do PSB para o cargo de prefeito. Na eleição para prefeito em 2008, o socialista teve mais de 12 mil votos, ficando em segundo lugar. No entanto, para o próximo pleito, possivelmente não contará com o apoio do PSDB.

Possíveis candidatos
Enquanto o PSDB não decide se apoia Nivaldo ou se lança algum candidato, o PT pode lançar Helvécio Reis, atual reitor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), como candidato a prefeito. A dúvida no PT parece estar na escolha de um nome para vice-prefeito. Especula-se que Cristiano Tadeu da Silveira, candidato a prefeito na última eleição, possa ser indicado a vice. No entanto, o nome de Maria Cristina Lopes, mulher do deputado federal Reginaldo Lopes, que foi candidata a vice do próprio Cristiano na última eleição, divide os petistas. Mas o reitor, apesar de ter se filiado recentemente ao PT, está reticente ainda em assumir a sua candidatura.
Para Rômulo Viegas, no que se refere aos pré-candidatos apresentados para a próxima eleição, o cenário atual é de especulações e prefere não citar nomes. “Todos têm o direito de pleitear qualquer cargo eletivo, bastando para isso apresentar suas propostas primeiramente aos partidos políticos e depois para a população, que evidentemente é quem vai decidir pela escolha que achar mais adequada naquele momento eleitoral”, diz.
Adenor Simões, no entanto, acredita que o eleitor é muito imediatista, e a forma de administração do prefeito Nivaldo é a que sempre ganha. Ele avalia, por exemplo, que o possível adversário de Nivaldo nas próximas eleições, Helvécio Reis, mesmo sendo um candidato forte, terá poucas chances de vitória. “Helvécio não vai conseguir ganhar do Nivaldo porque ele não tem voto para isso”, diz.


Eleição municipal de 2012

Críticas ao prefeito Adilson Resende antecipam disputa pela Prefeitura de Resende Costa e revelam racha no PT



Emanuelle Ribeiro e Rhonan Moreira

Faltando um ano para a ocorrência das eleições municipais em todo o Brasil, a atual administração na cidade de Resende Costa passou a ser alvo de críticas das mais diferentes forças políticas, inclusive de aliados do próprio Partido dos Trabalhadores (PT), agremiação à qual o prefeito Adilson Resende pertence. Desde as eleições de 1992, a legenda não assumia o executivo, que de 1997 a 2008 foi comandado por representantes da oposição direta, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Mas, em 2008, quando quatro candidatos disputaram a prefeitura da cidade, o petista saiu vitorioso nas urnas, com 2.366 votos.
Passados quase três anos da gestão de Adilson Resende, a insatisfação dos grupos políticos com a sua administração gera críticas e o prefeito hoje precisa conseguir superar as resistências que já existem dentro do próprio PT quanto ao seu nome para uma possível candidatura à reeleição. O advogado Cláudio Resende, que foi o candidato em 2008 pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), é um dos que assume um tom mais crítico em relação ao governo municipal. “Começando pela campanha, infelizmente ele prometeu demais e eu sabia que ele não teria condições de cumprir o programa de governo que prometeu. E fazer promessa e não cumprir é desonestidade”, declarou Resende.
O pedetista, que é um dos nomes cotados para disputar a Prefeitura de Resende Costa novamente em 2012, afirma que não acredita na reeleição de Adilson. Ele revela que há muita discussão interna no PT para a escolha de um nome e nem sempre o nome que é lançado agrada a maioria: “O (nome) do Adilson não agradou nem as lideranças do diretório. No entanto, a fidelidade extremada do PT faz com que o voto seja no partido, não no nome. Assim, o candidato que for lançado tem um percentual garantido de votos, o que é um erro”, criticou.
       Gilberto Pinto, líder do executivo por três mandatos e principal nome do PSDB na cidade, é objetivo e faz críticas a uma certa postura autoritária do prefeito. “O que eu acho que falta na administração do Adilson é uma postura mais democrática”, define ele. Segundo Gilberto Pinto, o governo atual, em sua visão política, está em conflito com grupos do PT e da esquerda. Para ele, o governo petista perde porque é muito radical. “Resende Costa é administrada com muito autoritarismo e perde, ainda, em razão da composição de governo, pois acredita que para se conduzir uma cidade é preciso estar cercado de pessoas competentes e isso não acontece com a atual administração, porque para compor o governo que aí está só é exigida uma condição: portar uma estrelinha na camisa, na blusa, no paletó”, alfinetou.
       O ex-prefeito chama a atenção para a falta de coerência do petista, o que ele considera um ponto crítico para um administrador. De acordo com Gilberto Pinto, o político correto nunca pode ter duas visões, pois, quando se está na oposição, enxerga a questão de uma forma e, por outro lado, quando se está na situação, sua forma de ver o problema é outra. “O atual prefeito enquanto oposição teve uma visão, enquanto situação ele tem outra. Falta coerência”, acrescentou.
       Se a reforma política que deve ser votada no Congresso pretende fortalecer os partidos e estimular as ligações partidárias, o tucano Gilberto Pinto tem outra visão e questionou a fidelidade partidária, principalmente por parte dos filiados aos PT. “Quando você fala que o pessoal vota no partido isso é comum mais na extremidade, principalmente na extrema esquerda. Tem gente que já disse que gostaria de votar em mim, mas não votou porque era vinculada ao PT. Eles não só cobram, mas punem os eleitores. Isso é errado. Eu mesmo já votei no Lula”, concluiu o líder tucano.

Candidatura de Adilson à reeleição é criticada por adversários e até por petistas

       Antônio Silva Ribeiro, conhecido na cidade por Toninho Ribeiro, candidato nas últimas eleições pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), caracteriza a atual administração como um “governo feijão com arroz” e considera que, em Resende Costa, vem sendo feita uma administração simplória, com a ausência de uma visão ampla por parte do administrador, e estabelece um comparativo entre Adilson Resende quando vereador e agora como prefeito: “É como se fosse uma administração de pequenos favores. O Adilson está longe daquele vereador que usava da palavra para criticar a situação da época. Hoje ele repete os erros que tanto criticava”, afirmou.
       Toninho Ribeiro não considera Adilson um político popular e muito menos um nome forte para a reeleição. Para ele, enquanto oposição, o PT batia o tempo todo na situação e, hoje, como situação, apanha: “Desgaste é normal, natural, mas não se pode ter um desgaste tão negativo quanto está tendo agora”, destacando uma possível insatisfação popular com a administração petista.
       O jornalista resende-costense André Eustáquio, do Jornal das Lajes, fez uma análise mais abrangente do panorama político da cidade. Para ele, o discurso de renovação do PT no pleito de 2008 gerou uma grande expectativa nos eleitores. “Falava-se desde a renovação da equipe de governo até a maneira de gerir o município. E eu, particularmente, percebo que houve, até esse ponto do mandato, uma certa frustração de muitos, porque não houve esse choque que se pregou”, analisou o jornalista. Para ele, percebe-se uma certa continuidade dos trabalhos das outras administrações, com alguns investimentos, apoios, mas nada que os demais governos não viessem fazendo.
       Em relação ao nome de Adilson, André Eustáquio declarou que ficaria surpreso se Adilson não se lançasse à reeleição, por dois motivos: “Primeiro porque se ele desistir, ele assina o fracasso da sua administração. E depois porque ele (Adilson) tem o domínio da cúpula partidária do PT na cidade”, explicou. O jornalista disse que não enxerga nada que manche a imagem do prefeito, sobretudo no aspecto moral e de gestão, apesar do desgaste político pelo qual vem passando a administração. Ele também não acredita num racha extremo no PT da cidade, mas percebe uma ala de lideranças insatisfeitas com o atual modelo de administração, não sabendo qualificar os motivos dessa cisão. No lado da oposição, André destaca o nome de Gilberto como principal concorrente do PT nas próximas eleições municipais e não descarta alianças, apesar de não saber os rumos das costuras políticas: “Parece que o PSDB não quer correr o risco de uma chapa puro-sangue e podem haver alianças com outros partidos”, acrescentou.
       Um fato importante destacado pelos entrevistados é a polarização entre os partidos PT e PSDB em Resende Costa, o que reproduz uma tendência nacional. Essa situação provoca uma forte disputa entre os dois partidos nas eleições, que nunca consideram dar apoio a outros partidos, como PMDB e PDT. Para alguns líderes, esta rivalidade nem sempre é saudável. “Acredito que a administração atual se preocupa muito com a oposição do PSDB. É um reflexo da política nacional (...) a polarização PT X PSDB, mas acho que ela perde o foco. O PT de Resende Costa tem uma preocupação extremamente exagerada e sem necessidade com uma liderança do PSDB e se esquece de administrar”, declarou Cláudio Resende, do PDT, referindo-se ao ex-prefeito tucano, Gilberto Pinto.
       Partindo dessa polarização, os líderes da oposição entrevistados acreditam que uma avaliação negativa do governo do petista Adilson Resende fortalece o nome de Gilberto Pinto. Essa posição é adotada também pelo vereador Luiz Esequiel de Resende, o Bacarini, eleito pelo PT nas últimas eleições e que hoje faz oposição ao prefeito Adilson: “Eu acho que está na hora do PT assumir um pouco de humildade e de reconhecer valores de outros partidos, até apoiar um candidato de outro partido”, afirmou, deixando claro que existem divergências no seu partido. Para Bacarini, diante do desgaste da atual administração, Gilberto Pinto naturalmente se fortalece, mas faz críticas ao tucano. “Devolver a prefeitura para o Gilberto, no meu entender, é um retrocesso para Resende Costa. A administração dele foi uma catástrofe”, completou.
       Sobre o possível racha no PT resende-costense, Bacarini reconhece que o partido está passando por problemas.  “O partido está muito desorganizado. Não temos nos reunido, e o PT não tem cumprido o seu papel de partido, que é unificar as três instâncias - partido, administração e bancada legislativa”, avaliou. Em relação à eleição de 2012, o vereador é polêmico e afirmou que não considera o nome de Adilson Resende a melhor indicação do PT. “Acho que há uma tendência muito grande do partido a lançar outro candidato. A situação de reeleição, a recandidatura dele está praticamente comprometida, as pessoas percebem o desgaste da administração. A gente ouve coisas do tipo: ‘Adilson eles (eleitores) não querem nunca mais’, ‘Adilson não ganha nem para vereador, Adilson não ganha nem para conselheiro tutelar’. E é esquisito isso, porque é difícil ganhar para conselheiro tutelar”, completa o legislador.

Câmara Municipal
       Se Adilson Resende recebe críticas dos adversários que fazem uma avaliação negativa do seu mandato, a Câmara Municipal de Resende Costa também é alvo das lideranças políticas da cidade. Toninho Ribeiro, do PMDB, que esteve na Câmara por dois mandatos, enxerga os últimos três anos como uma das piores legislaturas que a cidade já teve: “Quando você sente que as pessoas não estão satisfeitas com o prefeito, geralmente com a Câmara também não estão. Uma é reflexo da outra”, afirmou. Já o tucano Gilberto Pinto é mais enfático em suas críticas: “Hoje, o Legislativo em Resende Costa é cego, surdo e mudo”.
       O vereador petista Bacarini rebate as declarações dizendo que os vereadores estão cumprindo o seu papel, mas o Executivo não tem dado a importância devida ao Legislativo, que tem um poder bastante limitado. Bacarini mostra-se contraditório e argumenta que os vereadores estão bem articulados. “Eu nunca vi aqui uma Câmara tão unida. O Adilson é um prefeito que consegue não ter nenhum líder de governo. Ninguém quer defender o governo dele na Câmara, nem mesmo nós que somos da bancada dele”, frisou Bacarini, destacando que, por outro lado, não há uma oposição forte contra o prefeito e que os vereadores trabalham sempre pensando no que é melhor para o município.
       O prefeito Adilson Resende considera a formação do atual Legislativo partidariamente representativa e admite que não ter um líder na Casa atrapalha, porque pode-se ter um projeto bom, mas não adianta se não há ninguém para defendê-lo: “Eles (vereadores) têm umas diferenças de disputa entre eles que não consigo entender. O que falta a eles são mais debates, eu acho que não tem cabimento uma Câmara em que um bate nas costas do outro e concorda com tudo”, declarou o prefeito. Para ele, os vereadores direcionam as discussões para coisas muito pequenas e o município perde com isso: “Às vezes envio um projeto bom para o município e eles ficam discutindo erros de digitação”.
       André Eustáquio, no que diz respeito ao Legislativo, assume uma opinião diferente dos demais e acredita que, das últimas Câmaras, a atual composição é a que faz mais oposição ao Executivo. Segundo o jornalista, não há uma oposição acirrada, de interesses partidários, mas os debates ocorrem, e a liderança do PT na Câmara não está vinculada aos interesses do prefeito. “O Bacarini, apesar de ser petista e correligionário do prefeito, é o maior opositor dele dentro da Câmara. Eu o destacaria como vereador de oposição e de atuação na Casa”, admitiu Eustáquio, que enfatizou ainda o interesse dos demais vereadores nos assuntos da cidade, sobretudo nas áreas de patrimônio e turismo.

Investimentos: educação e saúde
       Os principais investimentos da administração 2009-2012 dizem respeito ao setor de educação. Além de reformas em algumas escolas, o prefeito Adilson Resende ampliou a Escola Municipal Paula Assis, localizada na zona rural de Resende Costa, acrescentando o ensino médio e ainda conta com um projeto de implantação de ensino técnico na instituição. Além disso, o município adquiriu novos veículos, mais capacitados para transporte escolar e está construindo a Escola Pró-Infância, que irá atender crianças de 0 a 6 anos de idade.
       A oposição reconhece os avanços no setor de educação, mas afirma que isso reflete o cenário atual do país. “Tem uma área no município que caminha bem, que é a educação, mas isso está acontecendo no Brasil como um todo”, admite Gilberto Pinto, declarando que os investimentos em educação seguem uma tendência nacional. O peemedebista Toninho Ribeiro vê as reformas de escolas como uma obrigação do executivo. “Reforma de escola precisa ser feita. Não coloco isso como uma meta alcançada, como uma ação”, afirmou. No entanto, o pedetista Cláudio Resende destaca a competência do atual Secretário de Educação, Adriano Magalhães, enfatizando que os recursos direcionados para educação estão sendo bem empregados.
       O prefeito Adilson Resende destaca o setor da saúde como outra área na qual vem realizando investimentos. “Aumentei o número de consultas, exames, consegui 10 veículos para trabalharem em prol da Secretaria de Saúde. Estamos construindo o 2º PSF em Resende Costa, além do CRAS, que dará maior suporte ao setor. Em novembro, começa a funcionar o SAMU. Tem ainda o programa Coleta Seletiva, que é um dos nossos grandes projetos em assistência social”, explica o administrador. Já Cláudio Resende não concorda com o que vem sendo feito na área de saúde na cidade. “Na saúde, não serve de consolo o cenário nacional e estadual para achar que o da cidade está bom. Resende Costa está bem, mas ainda longe do que se precisaria ser”, criticou.
       Sobre o projeto do petista para a construção de uma clínica médica no município, o peemedebista Toninho Ribeiro prevê que a administração terá dificuldades para encontrar mão-de-obra especializada. “Essa clínica é a menina dos olhos deles (petistas) desde quando eles entraram lá. Hoje ninguém pode ganhar mais que o prefeito. Qual médico vai querer vir para Resende Costa para ganhar 3 ou 4 mil reais?”, questinou.
       Mas, sem dúvidas, a principal realização da atual administração consiste na implantação da rede de esgotos em Resende Costa: “Uma das maiores obras que Resende Costa já viu. Algo que já devia ter acontecido há mais tempo, mas faltou vontade”, afirmou o prefeito Adilson. E esse projeto gerou um custo maior do que o comum, já que a cidade foi construída em cima de rochas. Apesar de ser um grande investimento em saneamento básico, as obras da rede de esgotos vêm causando sérios problemas à população da cidade quanto à falta de planejamento desse projeto: “A cidade foi retalhada, há buracos por toda a parte. A culpa não é exclusivamente da Prefeitura, mas ela peca na fiscalização e cobrança junto à empresa responsável”, declarou Cláudio Resende.
       O jornalista André Eustáquio também destacou os investimentos na implantação da rede de esgotos, mas, como Cláudio, criticou a maneira como o Executivo vem conduzindo o processo: “Espera-se da Prefeitura uma fiscalização, sobretudo no que se diz respeito aos calçamentos. A insatisfação é geral na cidade”, frisou.
       Se os setores de educação e saúde são considerados áreas que foram priorizadas pelo atual prefeito, há críticas quanto à questão urbanística. E os transtornos da rede de esgotos se encaixam nesse setor, já que a maioria das reclamações gira em torno da má reparação dos calçamentos, da “destruição” das ruas, do desconforto visual que isso causa na cidade. “O calcanhar de Aquiles da administração dele é o urbanismo, o desgaste maior é em obras. Isso é um absurdo, porque a rua, o bairro, é a extensão do lar do indivíduo”, criticou o vereador Bacarini.
       Embora seja visível o descaso com o urbanismo, agravado pela falta de um Plano Diretor na prefeitura, o prefeito Adilson Resende explica que é preciso investir em infraestrutura, principalmente pelo fato de Resende Costa ser a cidade do artesanato e receber uma grande quantidade de turistas diariamente. Sobre a questão do urbanismo, ele comentou os investimentos que fez no seu mandato. “Fiquei dois anos sem calçar ruas, porque estava esperando pelo serviço da rede de esgotos, mas em 2011 precisei atacar e até o momento calcei 15 ruas, tendo ainda 33 ruas no orçamento de 2012. Por enquanto estou trabalhando as áreas periféricas”, explicou o administrador.     
       O artesanato, principal fonte de renda da cidade, é ignorado há muito tempo pelas administrações municipais. O pedetista Cláudio Resende condenou o fato de não haver um responsável pela cultura em Resende Costa. “As realizações partem de ações isoladas, de grupos isolados. Nada vinculado diretamente à administração pública”, afirmou. Já o prefeito se defendeu e argumento que não cabe somente à Prefeitura tomar as iniciativas. Segundo Adilson Resende, os responsáveis pelo artesanato devem fazer a sua parte, trabalhando em parceria com o Executivo.
       O jornalista André Eustáquio avaliou os investimentos a longo prazo. Para ele, é uma carência do município. “Falta isso. Parece que quando o prefeito assume, a mesmice do mandato parece tomar conta. A gente não percebe ações políticas importantes voltadas ao futuro”, criticou. Segundo Eustáquio, políticas públicas voltadas, por exemplo, para o turismo e artesanato são carências do campo político que precisam ser mais observadas pelos governantes. Outro problema, segundo ele, é em relação à zona rural de Resende Costa, pois são muitos povoados, existe um distrito. “A gente ouve muita gente insatisfeita - ‘Foram feitas muitas promessas e até agora nada se cumpriu’ - é um pouco do que a gente escuta por aqui”, destacou. Apesar disso, o jornalista não vê uma situação caótica na cidade, destacando que o município é um dos que mais cresce na região.

Eleições municipais de 2008

Candidatos à Prefeitura
Partido
Coligação
Número de votos
Adilson Resende
PT
-
2.366
Dr. Paulo
PSDB
-
2.114
Toninho Ribeiro
PMDB
PPS
1.419
Cláudio Resende
PDT
-
967