quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Partidos de origem comunista se aliam a grupos políticos divergentes

Karen Abreu, Natasha Terra e Suellen Passarelli


Para difundir o socialismo em um país capitalista como o Brasil, surgiram alguns partidos políticos de esquerda. Entre eles está o PCB (Partido Comunista Brasileiro), fundado no dia 25 de Março de 1922.  Os membros do Partido Comunista Brasileiro se definem como uma “organização política formada por militantes e quadros revolucionários que se destacam nas lutas responsáveis por transformar as massas trabalhadoras em sujeitos de sua própria história, fazendo afirmar a hegemonia política do proletariado e a construção do Bloco Revolucionário do Proletariado, Bloco Histórico de forças sociais que conduzirá a revolução socialista”.
No período pós-guerra, o PCB se tornou um verdadeiro partido de dimensões nacionais e se revelou como a instância de universalização de uma vontade política que fundia o mundo do trabalho com o mundo cultural. Intelectuais como Astrojildo Pereira (um de seus fundadores), Caio Prado Jr., Graciliano Ramos e Mário Schenberg, vinculavam-se a projetos e perspectivas que tinham nas camadas proletárias o sujeito real da intervenção social.
O PCB passou por vários períodos de clandestinidade durante a sua trajetória, atualmente se encontra na legalidade e optou por ser um partido nanico, mas fortemente ideológico. O símbolo do partido, segundo seus estatutos, "é uma foice e um martelo, cruzados, simbolizando a aliança operário-camponesa, sob os quais está escrita a legenda "Partido Comunista Brasileiro".
O “Partidão”, como é conhecido por muitos, usa como legenda o número 21. De acordo com o candidato a deputado federal, Alex Lombello Amaral, os partidos não escolhem o número que irão usar como legenda, simplesmente pegam aleatoriamente os números que sobrarem na sua vez de registro. Como o PCB ficou com o número 21, seus membros aproveitam para usarem o slogan "PCB, o Partido do século 21" inclusive para enfrentarem a fama de conservadores.
Lombello também explica que, atualmente, o PCB não possui nenhuma aliança partidária, mas que nas eleições passadas formaram uma aliança com o PSOL e o PSTU para criarem uma alternativa à esquerda da aliança hoje no governo, mas essa aliança fracassou, porque foi somente eleitoral, sem a preocupação de realmente preparar um caminho para o país.  “Então, nessas eleições de 2010, recusamos as alianças puramente eleitorais, o que eu vejo como uma forma de gerar na esquerda brasileira uma pequena crise e um debate, a partir do qual acertemos o passo. Ou seja, acho que a separação de hoje deve criar a união de amanhã”, afirma o candidato.
Geralmente, quando uma pessoa se torna membro de um partido, é de costume se dizer que ela se filiou ao partido. Mas em relação ao “Partidão”, o uso deste termo é um pouco diferente. Para membros do PCB, filiado é apenas um termo cartorial, trata-se de uma pessoa que assinou uma ficha de filiação, cujo nome e título foram registrados no cartório. Militante é alguém que constrói o Partido, que defende o socialismo, que luta. Em relação a esta questão, Lombello afirma: “nosso Partido é de militantes, ou seja, é dirigido pelos que militam. Não basta assinar um papel para ser do PCB, é necessário ser realmente do PCB”.
O universitário Tiago Silva afirma que possui uma filiação “ideológica” com o PCB, pois concorda com as convicções atuais do partido, mas, ainda não completou as formalidades para a filiação burocrática exigida pela justiça eleitoral, logo, para a justiça, não pertence a nenhum partido político. Ele participa da UJC (União da Juventude Comunista) e exerce o cargo de secretário de formação política. E assim como os demais membros do “Partidão”, também acredita na transformação da sociedade capitalista em socialista. “Acredito nisso primeiramente por entender que as sociedades mudam ao longo do tempo. Agora, o que me faz querer que uma nova mudança estrutural na sociedade traga o socialismo é o entendimento de que não há proposta mais racional, que contenha maior bom senso, que a ideologia comunista”, explica Tiago.
Os partidos que foram fundados a partir do Partido Comunista do Brasil (PCB) adotaram posturas bem divergentes na disputa presidencial de 2010. O PCB lançou o candidato Ivan Pinheiro com um discurso socialista, bem vinculado às ideias de esquerda e marxistas. O candidato, no entanto, obteve somente 39.136 votos, ficando em oitavo lugar.
O candidato a governador de Minas Gerais, Fabinho, conseguiu apenas 6.763 votos, também não se elegeu. Eduardo Serra também não conseguiu se tornar governador do Rio de Janeiro, assim como Igor Grabois não é governador de São Paulo.
Com o rompimento dentro do PCB, em 1962, criou-se o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) com o realce de sua marca revolucionária. Guia-se pela teoria científica de Marx, Engels, Lênin e outros revolucionários. O partido tem como premissa o seu trabalho a serviço de todos, onde a unidade de ação é sua força. O socialismo é uma marca do PCdoB e o desejo de um estado soberano e democrático é permanente.
Atualmente, os comunistas decidiram apoiar e participar do governo Lula e integram a sua base de sustentação política, com lideranças históricas no ministério do governo federal e na Câmara dos Deputados. Vêem no atual governo uma grande oportunidade para uma futura luta para um novo projeto nacional de desenvolvimento.
No Poder Executivo, o PCdoB tem hoje 42 prefeitos e 66 vice-prefeitos em todo país, eleitos em 2008. Além disso, ocupa o Ministério do Esporte, Orlando Silva.
Este partido elegeu 18 deputados federais, entre eles Jô Morais, em Minas Gerais, com 105.977 votos; Jandira Feghali, no Rio de Janeiro, com 146.260 votos; Aldo Rabelo e Delegado Protógenes, em São Paulo, com 132.109 e 94.906 votos respectivamente.
Em Minas, o partido conseguiu 50.221 votos para Carlin Moura e 45.373 para Celinho do Sinttrocel e estes são agora deputados estaduais. Já no Rio de Janeiro, Enfª Rejane, com 21.033 votos, é a nova deputada estadual. Leci Brandão conseguiu se eleger a deputada estadual de São Paulo com 86.298 votos. Para deputado federal de São Paulo, Pedro Bigardi, com 86.298.
O Partido Popular Socialista (PPS), por sua vez, está ligado à frente de centro-direita que apoia o candidato José Serra (PSDB). Junto com Aécio Neves, do PSDB, Itamar Franco se tornou senador de Minas Gerais com 5.125.455 votos, no mesmo Estado, Eros Biondini e Geraldo Tadeu se elegeram Deputado Federal com 199.418 e 87.826 votos respectivamente e Luzia Ferreira, Neider Moreira e Sebastião Costa tornaram-se deputados estaduais com, respectivamente, 50.620; 46.818 e 43.376 votos.
Stepan Nercessian conseguiu 84.006 votos e se elegeu deputado federal do Rio de Janeiro, André Correia conseguiu 55.484 votos e ocupa uma cadeira como Deputado Estadual, assim como Comte e José Luiz Nanci, com 45.541 e 28.798 votos respectivamente.
Arnaldo Jardim conseguiu, com 21.033 votos, tornar-se deputado federal de São Paulo e Alex Manente deputado deste Estado com 132.109 votos, assim como Roberto Morais com 132.109 votos; Gondim com 104.663. Davi Zaia é deputada federal com 86.298 votos.
O Partido Popular Socialista (PPS) surgiu a partir do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Com a crise do comunismo da União Soviética, o Senador Roberto Freire rompeu com o Socialismo Revolucionário e, em 1992, deixou o PCB para fundar o PPS, partido que abraça o socialdemocrata, tendo, deste modo, a "radicalidade democrática" como uma nova definição do socialismo, que enfatiza o humanismo e o internacionalismo.
Aliado ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), o PPS continua com o mesmo código eleitoral do antigo PCB, 23. As principais lideranças são os deputados Rubens Bueno, Arnaldo Jardim, Dimas Ramalho, Wagner Rubinelli, Fernando Coruja, a vereadora Soninha Francine, o vereador Petterson Prado, o esportista Lars Grael e a ex-deputada Denise Frossard; o presidente da legenda é o ex-Senador Roberto Freire, atualmente suplente do Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Tem como presidente de honra o comunista histórico da Bahia, Fernando Santanna.


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