domingo, 21 de novembro de 2010

PSDB elege o maior número de governadores, mas perde segundo turno da disputa presidencial

Ana Pessoa Santos e Ayalla Simone Nicolau

            O candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, depois de enfrentar uma crise em sua campanha, conseguiu garantir uma vaga no segundo turno, que foi disputado com a candidata eleita Dilma Rousseff (PT). Ele obteve cerca de 33 milhões de votos contra 47 milhões da petista, no primeiro turno. No entanto, no segundo turno, acabou derrotado - Dilma ganhou com mais de 55 milhões de votos, enquanto Serra teve aproximadamente 44 milhões de votos. É a terceira derrota consecutiva do PSDB na disputa presidencial: em 2002, Serra candidatou-se e perdeu para Luís Inácio Lula da Silva (PT); em 2006, Geraldo Alckmin disputou com Lula e saiu derrotado; em 2010, novamente Serra foi o nome do PSDB.
Além de perder a disputa presidencial, o PSDB também saiu mais enfraquecido no Senado e na Câmara dos Deputados, mas foi o partido que elegeu o maior número de governadores – oito, cujo eleitorado corresponde a quase metade do país. Os tucanos elegeram, no primeiro turno, quatro governadores, sendo que dois representam os maiores estados do país: São Paulo, com a vitória de Geraldo Alckmin, e Minas Gerais, com Antônio Anastasia. Elegeu, ainda, o governador do Paraná, Beto Richa, e de Tocantins, Siqueira Campos. Em segundo turno, foram eleitos ainda os governadores Teotônio Vilela (Alagoas), Marconi Perillo (Goiás), Simão Jatene (Pará) e José Anchieta (Roraima).
            Em geral, a representividade do PSDB na política brasileira caiu de 2006 para este ano. No total, foram eleitos 43 candidatos a menos neste ano. Em 2006, o partido tinha elegido 66 deputados federais. Neste ano, foram 53. Naquele ano, 152 deputados estaduais foram eleitos pelo PSDB, este ano, 123. Além disso, o partido elegeu um senador a menos que em 2006.
            O deputado estadual de Minas Gerais, Lafayette Andrada, que, em seu primeiro mandato, foi um dos líderes do governo Aécio Neves na Assembleia, avaliou o resultado das eleições como positivo para o PSDB, uma vez que “a votação do candidato José Serra foi muito boa. Além disso, o PSDB elegeu governadores em oito dos mais importantes estados do país”. Para ele, o PT não foi o grande vitorioso, uma vez que teve um crescimento pequeno, mas os partidos que compõem a base do governo nacional que foram os vitoriosos.
            Sobre a falta de um debate consistente durante o segundo turno das eleições presidenciais, o deputado estadual afirma que está relacionado à própria cultura política do país. “A maior parte da população não se interessa tanto por assuntos de economia, de relações internacionais entre outras áreas Então, neste sentido, é compreensível, que estes assuntos não tenham sido temas de grandes debates”, justificou.
            Ao ser questionado sobre a possibilidade de Minas ser prejudicada por ser governada por um político da oposição, Andrada acredita que “haverá uma relação respeitosa, republicana, entre o governo estadual e o governo federal, como aconteceu nos oito anos do governo Lula”, enquanto Aécio Neves governava o estado.
            Para ele, a atuação do PSDB no Campo das Vertentes “foi sempre pautada pela liderança do governador Aécio Neves, nestes últimos oito anos. Nesse sentido, segundo o deputado, grandes investimentos foram levados para esta região. O PSDB foi um partido muito benéfico para a região”, ressaltou.
            Sobre as eleições municipais de 2012, Lafayette Andrada afirma que “seguramente, tanto em Barbacena quanto em São João del-Rei o PSDB terá candidato”, porém ainda é cedo para citar nomes. Ele ainda ressalta que “as eleições municipais têm uma características muito local. Há um embate localizado entre correntes políticas locais”, explicou. Em 2008, o PSDB não lançou candidatura própria em São João del-Rei e apoiou o candidato Agenor Simões (PSB), que ficou em segundo lugar e perdeu para Nivaldo Andrade (PMDB). Em Barbacena, o irmão de Lafayette, Martinho Andrada (PSDB) disputou a reeleição, mas foi derrotado por Danuza Bias Fortes, aliada de Hélio Costa (PMDB) e adversária dos tucanos.

PSDB: de dissidentes do PMDB a líderes de uma frente de centro-direita
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) foi fundado em 25 de junho de 1988, portanto é o mais jovem dos grandes partidos políticos do Brasil. Inspirado na social democracia - estado intervencionista de políticas sociais equilibradas com o mercado – o partido foi criado pelos críticos dissidentes do PMDB, que queriam uma linha mais à esquerda e eram contrários à falta de ideologia dos peemedebistas. Entre eles estavam Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Franco Montoro, Pimenta da Veiga e Eduardo Azeredo.
O símbolo do partido é um tucano nas cores azul e amarelo, daí, o apelido dos filiados, militantes e simpatizantes, que são considerados como centro-esquerda, linha de pensamento originada no socialismo e que atualmente tenta modernizar a divisão direita-esquerda, portanto, com idéias próximas ao Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo o deputado estadual Lafayette Andrada, “o partido defende uma gestão otimizada, uma melhor aplicação dos recursos públicos, uma reforma tributária e uma reforma política”.
A história do partido teve início com as eleições presidenciais de 1989, lançando Mário Covas a candidato, que ficou na quarta posição. Em 1992, o Brasil passava por uma situação delicada, devido à inflação e aos escândalos de corrupção. No mesmo ano, o Brasil realizou eleições municipais e o PSDB elegeu 293 prefeitos, 297 vice-prefeitos e 3.274 vereadores, representando um crescimento de 1.500%. No ano de 1994, o PSDB ocupou cargos importantes no cenário político. Itamar Franco foi eleito presidente do país. Fernando Henrique Cardoso, que na época foi nomeado ministro da Fazenda, criou o Plano Real e decidiu-se lançar á presidência nas eleições seguintes. Para isso, o partido começou seguir tendências para a direita, aliando-se ao Partido da Frente Liberal (PFL) tendo Marco Maciel como candidato a vice.
 FHC venceu a disputa ainda no primeiro turno e o partido conquistou o governo de seis estados. Elegeram 11 senadores, 63 deputados federais e 97 estaduais. Em 4 de junho de 1997, a emenda constitucional que regularizava a possibilidade de reeleição foi aprovada, entrando em vigor para as eleições de 1998. FHC tornou-se o primeiro presidente brasileiro reeleito para um segundo mandato, e o partido conseguiu eleger 07 governadores, 16 senadores, 99 deputados federais e 152 deputados estaduais, mantendo a trajetória ascendente desde sua fundação.
Já em 2002, o PSDB, representado por José Serra, foi derrotado pelo atual presidente, Luis Inácio Lula da Silva. Elegeu apenas os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Nas eleições de 2006, o candidato à Presidência foi Geraldo Alckmin e novamente o partido foi derrotado pelo PT de Lula. O PSDB saiu da eleição de 2006 com 66 deputados e 14 senadores no Congresso Nacional, além de seis governadores.
Neste ano, o partido conseguiu que o candidato à presidência da República José Serra chegasse ao segundo turno, porém não conseguiu vencer a candidata petista Dilma Rousseff. Porém, o PSDB elegeu para começar a governar em 2011 um total de 189 candidatos, sendo oito governadores, 53 deputados federais, 123 deputados estaduais e dez senadores (cinco foram eleitos em 2010 e outros cinco continuam seus mandatos).

Derrota para o PT revela disputa interna no PSDB  
Apesar de ter eleito oito governadores, sendo dois nos maiores estados do país (São Paulo e Minas Gerais), o PSDB vive uma disputa interna justamente entre paulistas e mineiros. Em três eleições consecutivas, o PSDB de São Paulo manteve a sua hegemonia no partido e lançou os candidatos à Presidência – Serra e Alckmin. Para a eleição de 2010, o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, chegou a anunciar a sua pré-candidatura e defendeu prévias internas para a escolha do candidato. Mas acabou aceitando concorrer ao Senado em Minas Gerais e deixar a vaga para Serra.
As divergências começaram a ficar mais fortes com a resistência de Aécio Neves de ocupar a vaga de candidato a vice na chapa de Serra. No primeiro turno presidencial, os tucanos mineiros foram criticados por não se empenharem na campanha do candidato Serra. No segundo turno, Aécio participou de vários atos da campanha presidencial até porque Minas era considerado um estado estratégico para garantir a virada contra a petista Dilma Rousseff. Os resultados, no entanto, foram bastante favoráveis ao PT em Minas Gerais, onde a candidata do PT obteve no segundo turno 58% dos votos contra 42% de Serra. Passadas as eleições, líderes do PSDB de São Paulo voltaram a criticar os tucanos mineiros de não terem se empenhado na campanha de Serra. Mas Aécio Neves sai como o nome mais fortalecido do partido, inclusive para a disputa de 2014.


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