segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Helvécio filia-se ao PT e pode ser o candidato do partido à Prefeitura de São João del-Rei

Bruno Laviola, Pamella Chicarino e Vinícius Borges Gomes



A recente filiação de Helvécio Luiz Reis, reitor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), em setembro, ao Partido dos Trabalhadores (PT) abre especulações sobre a sua possível candidatura à Prefeitura de São João del-Rei.  Helvécio, no entanto, ainda está reticente e afirmou que a sua prioridade é a gestão à frente da UFSJ.  “Filiei-me, sim, ao PT. Esta filiação não tem absolutamente nada com a gestão da UFSJ. É o cidadão Helvécio Reis quem filiou”, frisou.
Helvécio junto com lideranças de seu partido, o PT. (Fonte: ASCOM)
Apesar das escassas declarações do motivo de sua filiação ao PT, a sua entrada no partido e a sua liderança à frente da UFSJ durante oito anos o credenciam como um dos nomes mais fortes da oposição para disputar a sucessão municipal contra o atual prefeito Nivaldo de Andrade (PMDB), que já anunciou que é candidato à reeleição com apoio do PSDB e de Aécio Neves. Em entrevista concedida pouco antes de sua filiação, Helvécio preferiu não fazer críticas diretas à atual administração de São João del-Rei, destacou sua gestão à frente da universidade e falou das especulações eleitorais envolvendo seu nome.
Um dos pontos comentados por Helvécio foi a possibilidade de gestores educacionais entrarem na política. Com base no ministro da educação Fernando Haddad, que disputa no PT a indicação para ser candidato à Prefeitura de São Paulo, Helvécio foi claro em manifestar sua opinião sobre o tema. “As pessoas têm que desmistificar isso. A gente fica expurgando essas pessoas, fica com pudor de quem é gestor público não pode ser candidato, porque fica parecendo que está usando um cargo para a promoção pessoal. Diferente do perfil que a gente vê por aí, eu não vejo isso como um problema”, afirmou. O reitor disse ainda que tem uma excelente relação com o Ministro da Educação e destacou o potencial de Haddad para pleitear a candidatura a prefeito.  “Mas se ele se mostrou bom como gestor público, a gente tem que investir nisso”, ressaltou.
O ingresso do reitor na política partidária em São João del-Rei aponta para novos embates, já que a universidade passa a participar mais ativamente dos rumos da cidade. Helvécio mostra-se atento aos problemas da cidade e de sua relação com a UFSJ. “A cidade enfrenta os mesmos problemas de qualquer cidade: moradia, saneamento e transporte. São problemas que afligem de um modo geral todos os municípios. E cidade que tem universidade acaba por se confundir com a própria universidade e fica mais complicado ainda”, declarou Helvécio diante dos impasses existentes, provocados especialmente pelo aumento populacional da cidade histórica.
            Na avaliação do reitor, o crescimento da UFSJ implica em mudanças na gestão da própria cidade. “Como a cidade está crescendo muito, passando por um processo de aquecimento forte, isso vai exigir dela um processo de adequação”, salientou o reitor. Helvécio destacou os novos desafios decorrentes da expansão da universidade, mas afirmou que não cabe a UFSJ apontar que prioridades o município deve assumir. “Você não tem como chegar numa cidade e dizer: nós vamos criar dez cursos novos, teremos mais dois mil alunos em São João del-Rei nos próximos anos e vocês devem investir em moradia e em saneamento básico”, afirmou.
Ao tratar mais diretamente da gestão da prefeitura de São João del-Rei, Helvécio mostrou cautela ao falar da relação da UFSJ com o órgão: “Em alguns momentos, tanto na prefeitura atual, e ainda mais na anterior, houve alguns encontros em que nós colocamos a prefeitura ciente de que a universidade estava crescendo”, garantiu.
No entanto, o atual gestor da UFSJ não deixou de ressaltar as disparidades entre a universidade e os demais órgãos da administração pública. “Há sempre uma demanda daqui pra lá e de lá pra cá, mas como as coisas são viabilizadas aí é que está a questão. Cada uma estabelece suas próprias prioridades e pode ser que essas prioridades não casem”, pontuou. No entanto, apesar das divergências, destacou que a parceria foi o pressuposto para os progressos do município. “A prefeitura é uma parceira também. A ciclovia foi construída com participação dela”, explicou.
Ao citar a atual gestão, Helvécio adotou cautela e preferiu apontar os respaldos da própria comunidade com relação à universidade: “No nosso caso, o da universidade, eu acredito que a própria população tem reagido, vendo que universidade está crescendo muito e tem investido no setor imobiliário.” Ao ser novamente questionado sobre a sua visão acerca da administração do atual prefeito Nivaldo de Andrade (PMDB), Helvécio foi reticente sobre a sua possível candidatura. “Posso ser mal interpretado. O que eu falar sobre essa relação pode ser um problema, pois meu nome está surgindo como um nome possível à concorrência da prefeitura. Então eu prefiro não falar para não dizerem que eu já estava falando mal da prefeitura”, comentou.
Sabendo de sua capacidade de liderança, legitimada pela sua reeleição ao cargo de reitor com 78% dos votos dos três segmentos da universidade em 2008, o gestor reconheceu sua popularidade. “Sinto-me bastante envaidecido, sair na rua e ouvir: Oh prefeito! Acho que é um reconhecimento incalculável, uma honra enorme, dá um ânimo especial”. Estratégico, o reitor ponderou que o reconhecimento passa por um trabalho coletivo. “Eu não devo isso só ao meu trabalho. Eu devo também a minha comunidade universitária, pois ela trabalhou muito para ajudar a reitoria nessas conquistas de oito anos”, frisou.

Gestão na UFSJ é marcada por constante presença de petistas
Desde 2004 à frente da UFSJ, Helvécio destacou o que ele chama de patrimônio do diálogo estabelecido em sua gestão. “Eu procurei conversar com todos os grupos da universidade para que eles pudessem restabelecer o diálogo e que as mágoas que pudessem ter surgido no processo eleitoral ficassem no processo eleitoral”, afirmou. Helvécio considera tal feito como fator primordial para a realização de seu mandato marcado por presenças constantes de petistas, principalmente pelo fato de o governo federal estar sob o comando do PT desde 2002.
Em Divinópolis, Helvécio se encontra com Lula em 2010
Em sua gestão, destacam-se a criação de três novos campi fora da cidade-sede. São eles: o Campus Alto Paraopeba,  em Congonhas e Ouro Branco, o Campus Centro-Oeste “Dona Lindu”, em Divinópolis, e o Campus Sete Lagoas. Foram criados ainda dez novos cursos em São João del-Rei através do REUNI, programa do Governo Federal para expansão das universidades públicas. Além disso, foram implantados mestrados em diferentes cursos da UFSJ.
As inaugurações e eventos da universidade sempre tiveram a presença de muitas lideranças políticas, o que já sinalizava para a possibilidade de Helvécio ingressar num projeto político-partidário. Nomes petistas de peso não faltaram nesses últimos anos. O deputado federal Reginaldo Lopes, ex-aluno da UFSJ, sempre esteve presente em diversos momentos ao lado do reitor mostrando apoio e a aliança de ambos. A aliança com Reginaldo Lopes foi constante, inclusive, em audiências públicas no Ministério da Educação.
Em 2010, Helvécio recebeu, entre outras lideranças, o ex-presidente Lula no Campus “Dona Lindu” em Divinópolis, a presidenta Dilma Rousseff, que na época ainda era pré-candidata do PT e líderes petistas em Minas como Fernando Pimentel e Patrus Ananias. Apesar de só ter se filiado recentemente ao PT, os rumos políticos do reitor já se desenhavam no último ano diante de suas aproximações políticas.
“Se eu tiver que pleitear, se eu tiver que continuar uma carreira política, porque reitoria também é uma carreira política, não é só ser gestor, eu teria que estar ligado a algum partido. Neste momento, eu não estou filiado a nenhum partido político. Meu partido agora é UFSJ”, declarou Helvécio Luiz Reis poucos dias antes de sua filiação ao PT. O reitor frisou, porém, que a decisão é, por enquanto, uma decisão pessoal.

6 comentários:

Anônimo disse...

Helvécio e Reginaldo estão se desdobrando pelo Diretorio Estadual do PT. Triste é ver o partido dos trabalhadores transformado-se nos partidos dos gestores. Que a luz de florestan fernandes alumie esse pobres corações.

Anônimo disse...

Helvécio prefeito? Uma nova chance para SJDR mudar

Anônimo disse...

Ótima reportagem. Verdadeiro furo.

Anônimo disse...

Helvécio ñ tem chanceeeee
nivaldo sempre gana

Anônimo disse...

Vai ser prefeito lá em Barroso, em São João NÃO.

Marcelo de Miranda disse...

Acredito muito no Helvécio, já trabalhei com ele e sei da capacidade dele em fazer uma boa gestão e fazer com que a cidade dos sinos volte a alcançar o seu devido lugar no contexto nacional na area da cultura, da politica, da educação e do desenvolvimento que tanto precisamos. Força e Paz Helvecio e Cristina eu acredito em voces